O xadrez eleitoral para a disputa na capital mineira ainda está indefinido. O quadro atual tem grandes chances de mudanças até o período das convenções partidárias (de 20 de julho a 5 de agosto). Mas a prudência política requer decisões até final de maio.
Por suposto no radar que a forte polarização política nacional possa se reproduzir nas eleições em BH. Mas longe de como se dará na capital paulista, com a brutal disputa entre o atual prefeito Ricardo Nunes e Guilherme Boulos, em que a deputada Tábata Amaral busca um lugar ao sol como terceira via.
Um fato interessante e inédito em BH é a situação do atual prefeito. Não obstante a máquina pública, Fuad Noman não se posiciona como favorito. Muito pelo contrário. E não é difícil de explicar tal fato. Com baixo carisma, o boa praça atleticano nunca foi político, sempre um técnico mais reservado e discreto. Assumiu a prefeitura após a renúncia do titular Kalil para a disputa ao governo do Estado. E não mostrou a que veio, e nem externou muito entusiasmo para enfrentar os enormes e complexos desafios de uma cidade do porte de BH.
Diria que nem o arroz com feijão fez com efetividade. Um sentimento paira que BH parou no tempo, não está bem cuidada e com serviços públicos mal prestados. Vemos um planejamento pífio ou até inexistente. Como exemplo a ciclovia da av. Afonso Pena. No dia 9 de fevereiro, em um post o prefeito Fuad manifestou: “só quem não reconhece a importância das bicicletas para a mobilidade urbana, ou não entende do Centro de Belo Horizonte, não está a favor da requalificação da avenida Afonso Pena”.
E as obras iniciaram. Mas Fuad mudou de ideia rápido. Após indignação de parte considerável da população e complicações no trânsito local, no último dia 16 de abril, recuou, desistiu da obra e disse: “Vamos dar uma parada no que está sendo feito hoje, vamos avaliar e estudar”. Vejam que planejamento mais fajuto. E o valor gasto até o momento? Não é assim que se faz gestão pública com o meu e com o seu suado dinheiro pago com impostos.
Vale citar que várias pesquisas atestam inclusive que parte considerável da população desconhece Fuad como prefeito. Conversas em Brasília têm como foco a conquista de partidos para sua coligação. Importante refletir que esse tipo de ação funcionava bem nas eleições de décadas atrás. Efeitos disso: mais tempo na propaganda eleitoral e talvez mais recurso para campanha. Em tempos atuais de preponderância das redes sociais, premissa básica é entender que a forma de fazer campanha política também mudou!
Na esfera política, não deixa de ter sido muito expressiva a perda do apoio eleitoral de Marcelo Aro e do seu grupo de vereadores a Fuad. Gostem ou não do ex-deputado, tem força política e capilaridade em BH, o que sem dúvida proporcionaria vantagem eleitoral ao candidato à reeleição do PSD.
Outro fato intrigante e que traz reflexões ao eleitor é algo do tipo: “Se nem seu amigo e ex-prefeito Kalil, ao qual Fuad foi seu vice, manifestou apoio a ele, porque eu o apoiaria?”.
Assim sendo, é real a possibilidade do candidato Fuad nem ir para o segundo turno, o que pode favorecer algum nome com perfil de centro para a esquerda “ocupar sua vaga”, já que um nome da centro-direita ou da direita tem a forte tendência da outra vaga no segundo turno. Uma agenda positiva que poderia mudar o jogo a favor do atual prefeito é o PT não lançar o deputado Rogério Correia e indicar um vice na sua chapa. Mas este cenário parece cada vez mais distante. Mas tudo pode mudar nas próximas semanas.
No mais, teremos um processo eleitoral de grandes emoções para os belo-horizontinos!