MAIO AMARELO

Hospital João XXIII alerta para alta de 30% no número de atendimentos a acidentados com motos

Mês lembra a importância de comportamentos mais seguros no trânsito

Da Redação*
portal@hojeemdia.com.br
02/05/2024 às 14:04.
Atualizado em 02/05/2024 às 15:20
Somente no ano passado, o Hospital João XXIII registrou um total de 8.631 atendimentos a vítimas de acidentes envolvendo pedestres, carros de passeio, caminhões, camionetes, ônibus e motos (Foto/ Rafael Assis)

Somente no ano passado, o Hospital João XXIII registrou um total de 8.631 atendimentos a vítimas de acidentes envolvendo pedestres, carros de passeio, caminhões, camionetes, ônibus e motos (Foto/ Rafael Assis)

Todos os dias o Hospital João XXIII, uma das unidades gerenciadas pela Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), recebe dezenas de vítimas de ocorrências no trânsito que poderiam ser evitados se as leis fossem respeitadas.

Somente no ano passado, 8.631 pessoas foram levadas à emergência após acidentes envolvendo carros de passeio, caminhões, camionetes, ônibus e motos. A grande maioria (5.707), porém, envolveu motocicletas.

Até o fim deste ano as estatísticas podem alarmar ainda mais. De janeiro a março já foi registrado um aumento de 30% nos atendimentos a motociclistas ou garupeiros, na comparação ao mesmo período de 2023. 

De acordo com a gerente médica da Urgência e Emergência do Complexo Hospitalar de Urgência e Emergência da Fhemig (Hospitais João XXIII, Infantil João Paulo II e Maria Amélia Lins), Daniela Fóscolo, cerca de 70% dos sobreviventes de acidentes com moto – que tem alta taxa de mortalidade – ficam com algum tipo de lesão ortopédica (ossos e partes moles), geralmente nos membros inferiores.

“A complexidade varia de acordo com a velocidade em que ocorreu o acidente, podendo causar, em casos mais graves, traumatismos tóraco-abdominais, cranianos e lesões na coluna. Os pacientes que estavam em alta velocidade também costumam ser aqueles que demoram mais tempo para se recuperar e com mais chances de ficar com algum tipo de sequela permanente”, alerta a médica.

Em Sabará, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), o Hospital Cristiano Machado (também da Fhemig) atua como retaguarda do João XXIII para casos neurológicos e ortopédicos que necessitam de internações de longa permanência.

Direção sem experiência

Ana Júlia Alves Silva, 19 anos, foi internada no João XXIII depois de um acidente com a moto que havia acabado de comprar. Mesmo estando em baixa velocidade, sofreu uma lesão no joelho, que agora precisará ser operado para colocação de pinos, o que deverá alterar a rotina da jovem por meses.

"Fui dar uma volta na moto, próxima à minha casa, antes de iniciar as aulas de direção. Como ainda não tenho muito conhecimento, usei o freio sem apertar a embreagem, o que fez com que a moto desse um tranco e eu caísse no chão com ela em cima da minha perna”, conta.

Depois da experiência negativa, a jovem conta que aprendeu a lição e dá um conselho para outros que possam ter a mesma ideia.

“É importante que as pessoas não se arrisquem, moto é perigoso. É preciso ter muito cuidado, experiência e estar sempre com os equipamentos de proteção”, afirma.

Moto por aplicativo

Segundo a gestora da Fhemig Daniela Fóscolo, a maioria das pessoas que chegam ao João XXIII vítimas de acidentes com motocicletas são homens de  19 a 39 anos.

“Percebemos que muitos deles estavam usando o veículo como meio de trabalho no momento do acidente”, afirma.

Mas uma mudança no perfil dos pacientes, associada ao aumento considerável nos atendimentos a vítimas de acidentes no trânsito, tem chamado a atenção dos profissionais que trabalham na urgência da unidade.

“O número de acidentes de moto vêm aumentando na última década, principalmente relacionada à execução de atividades comerciais. O que chama atenção é que esse aumento ficou ainda mais significativo a partir de 2020, quando também tivemos a mudança dos padrões de compras e o crescimento da utilização de aplicativos tanto para transportes de materiais quanto, agora mais recentemente, para transportes de pessoas”, diz a médica.

“Apesar de ainda não termos estatísticas específicas, percebemos um número maior de passageiros vítimas de acidentes com motocicletas, que podem estar relacionados à popularização do uso da moto por aplicativo”, completa, acrescentando que o padrão de lesões de passageiros de moto é diferente do padrão do piloto.

“O piloto está mais fixo, segurando no guidão e com uma percepção muito maior do trânsito ao redor. Já o passageiro não tem muito como se apoiar e muitas vezes não tem noção da dinâmica de andar nesse tipo de veículo, além do aparato de segurança – principalmente dessas pessoas que fazem o uso transitório da moto – geralmente ser de menor qualidade”, alerta.

Campanha

A Campanha Maio Amarelo deste ano, com o tema “Paz no trânsito começa por você”, lembra que a principal forma de diminuir o número desses acidentes é cada um fazendo a sua parte.

Respeitar as leis de trânsito e não dirigir após o uso de bebidas alcoólicas ou outras drogas já são regras conhecidas, mas muitas vezes desrespeitadas por um grande número de pessoas que acabam se envolvendo em acidentes.

Além disso, o gerente médico adulto do Hospital João XXIII, Rodrigo Muzzi, lembra a importância do uso de equipamentos de segurança.

“Usar o cinto de segurança, sempre andar com as crianças na cadeirinha e, no caso dos ocupantes de moto, estar sempre com o equipamento de proteção adequado (capacete, jaqueta e calça de material resistente e tênis ou bota) são fundamentais para a segurança de motoristas e passageiros, além de evitar manobras arriscadas e andar em alta velocidade”, aconselha.

Unidade no interior

O Complexo Hospitalar de Barbacena, da Fhemig, também é referência para o atendimento ao trauma, com a única porta de Urgência e Emergência da microrregião de Barbacena.

O complexo possui, ainda, a Unidade de Cuidados Prolongados (UCP), com foco na recuperação física e funcional de pacientes com sequelas graves, que necessitam de reabilitação para retomada da autonomia parcial ou total.

A UCP possui 25 leitos e equipe multiprofissional, composta por médicos, enfermagem, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, nutricionista, psicólogo, terapeuta ocupacional e assistente social, prestando um atendimento completo a esses pacientes.

*Com informações da Agência Minas 

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