Editorial.

TSE errou a mão nas novas regras

21/09/2016 às 20:29.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:55

Depois dos escândalos envolvendo caixa 2 em eleições, como foi o caso do mensalão, a Justiça Eleitoral fez mudanças radicais. O objetivo foi reduzir o custo das campanhas eleitorais fazendo com que os candidatos não saiam à procura de grandes quantias de dinheiro para conseguir a vitória. Com isso, imaginava-se que candidatos com menor poder aquisitivo conseguissem concorrer com menor defasagem de um concorrente com mais dinheiro. Mas o tiro pode ter saído pela culatra. 

Um dos objetivos foi cumprido. As campanhas estão bem mais baratas, de acordo com as parciais de prestações de contas de candidatos que publicamos há alguns dias. Talvez mais por receio dos doadores ou descrédito do eleitor com a política brasileira, e com os políticos, do que pelas normas. 

No entanto, a tão falada igualdade entre os candidatos não apareceu. Pior, as novas regras das eleições estão contribuindo para que seja aberto outro abismo entre os novos candidatos e os já tarimbados na política. Agora a questão não é mais financeira, mas o de conhecimento, o chamado recall.

Com uma campanha mais curta, sem santinhos ou sem cartazes, a cidade ficou mais limpa, mas também ficou mais difícil conhecer os candidatos. Como a população tende a votar em que ela conhece, o resultado é que aqueles nomes que buscam a reeleição ou que já disputaram outros cargos e já têm uma trajetória política consolidada, baseada naquele antigo modelo de propaganda eleitoral, levam vantagem. As redes sociais, que eram a aposta dos menos conhecidos, parecem não ter conseguido compensar o desconhecimento.

O risco maior é que, no momento em que o Brasil tem a maior operação contra corrupção na política da história do país, haja pouca renovação nas câmaras municipais e das gestões das cidades. 

Uma avaliação mais precisa das novas regras somente poderá ser feita daqui a alguns dias, após o encerramento do primeiro turno, mas talvez os ministros do Tribunal Superior Eleitoral tenham errado um pouco a mão nas reformas e, na ânsia de “moralizar” o pleito após vários escândalos, provocando um esforço maior daqueles que estreiam na vida pública e privilegiando os caciques que já dominam a política há décadas. 
 

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