Adolescentes plugadas nas redes sociais buscam identidade fashion

Flávia Ivo
fivo@hojeemdia.com.br
06/11/2016 às 11:02.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:32
 (Valéria Marques / Divulgação / Flávio Tavares)

(Valéria Marques / Divulgação / Flávio Tavares)

O modo de se vestir é um dos códigos de comportamento mais poderosos, influenciando até na forma de agir. Por meio da roupa, as adolescentes, ainda em busca de uma identidade, expressam a própria visão de mundo. Pelas redes sociais, inspiram-se, atrás de um modelo a ser seguido, seja qual for o estilo. Entre os ícones fashion, blogueiras e youtubers como Nah Cardoso, Camila Coelho e Taciele Alcolea fazem a cabeça e o guarda-roupa de um sem-fim de garotas.

Exemplo da influência das redes sociais no visual das meninas é Laura Fonseca, de 14 anos. A estudante busca inspirações para montar os próprios looks em aplicativos. “O principal deles é o Pinterest, mas o Instagram e o Facebook também ajudam bastante, inclusive porque neles tenho contato com as blogueiras de moda”, conta.

Laura elegeu como musa principal a mineira Camila Coelho, de 28 anos, que há 14 mora nos Estados Unidos. A blogueira começou a carreira em 2010, com dicas de maquiagem no YouTube. Hoje, só no Instagram, tem 5 milhões de seguidores. No YouTube, são 2,8 milhões de inscritos no canal dela. “Gosto mais da Camila porque ela posta de tudo um pouco: roupas, cabelo e maquiagem”, diz Laura.

Aos 13 anos, Júlia Barreto também busca referências nos blogs. Mais especificamente no da youtuber Nah Cardoso, jovem de 23 anos que largou a faculdade de Publicidade para dedicar-se exclusivamente aos canais que mantém nas redes sociais. No Insta, Nah coleciona nada menos que 4 milhões de followers. "Também sigo o canal no YouTube, mas não usaria jeans rasgado como ela (rs). Faço um estilo mais romântico”, revela Júlia, que tem também é fã da protagonista de Carrossel, Larissa Manoela.

Para Renata Feldman, psicóloga e psicoterapeuta com foco nas relações afetivas, o que faz da internet um celeiro de estilos é o fato de a rede dar espaço para todo mundo, transformando-se em um lugar democrático. “As adolescentes não são mais crianças, mas ainda não são adultas. Estão em busca de um modelo a ser seguido”, diz, lembrando que as primeiras inspirações na vida vêm de casa: os próprios pais, principalmente as mães.

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Base, corretivo, batom, blush e máscara para os cílios fazem parte da rotina da estudante Izadora Silva. Apesar da idade – 11 anos –, ela não abre mão da maquiagem e usa o arsenal de beleza até para ir à escola. 

Para a psicóloga Renata Feldman, este é um claro exemplo de como a era digital contribui, e muito, para que os jovens se desenvolvam mais cedo, queimando etapas importantes do crescimento. “Já existe um excesso de responsabilidade, uma rigidez nas escolas, que exigem cada vez mais deles. Aliada a isso, ‘necessidades’ de hoje, como estar na moda e ser aceito, aumentam a pressão interna e a preocupação excessiva (com aparência)”, pontua.

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Mesmo definindo o próprio estilo como esportivo, no qual as peças preferidas são tênis, jeans e camiseta, a estudante e nadadora profissional Emanuella Nato Reis, de 12 anos, não descuida da beleza e se diz também apaixonada por maquiagem. “Gosto de usar rímel e gloss para ir à aula. Mas, para sair, base, corretivo e lápis preto são indispensáveis”.

Izadora e Emanuella, assim como Laura Fonseca e Júlia Barreto, são aficionadas nas blogueiras e em celebridades como a cantora norte-americana Selena Gomez, ex-namorada de Justin Bieber. “Ela tem um estilo muito legal, tudo que veste é bonito”, diz Laura.

A psicóloga Renata lembra que como os encontros hoje acontecem mais nas redes sociais do que cara a cara, os blogs entram no cenário e acabam “apresentando” os modelos a serem seguidos pelas garotas. “As blogueiras não só se vestem e maquiam, mas também ensinam a fazer. Com as ‘receitas’ que passam, parece tudo mais fácil e ao alcance das garotas. São modelos muito acessíveis”, resume.

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