Estilista Gustavo Lins leva o futebol para a alta-costura

AFP
03/07/2012 às 19:50.
Atualizado em 21/11/2021 às 23:17
 (Francois Guillot/AFP)

(Francois Guillot/AFP)

  PARIS - O brasileiro Gustavo Lins, único latino no seleto clube da alta-costura, inspirou-se na geometria da bola de futebol para criar silhuetas elegantes e limpas, que apresentou, nesta terça-feira (3), nos salões da embaixada brasileira na França.   Jaquetas pretas de cetim, bordadas e com peles, blusas leves e túnicas em mousseline de seda, casacos de visom turquesa, de corte estruturado: a coleção resumiu os códigos deste estilista brasileiro talentoso e original, de 51 anos.   A perfeição de suas criações confirmou o motivo pelo qual Lins integra o seleto grupo da alta-costura, denominação protegida na França por uma série de exigências, entre elas a de que as peças devem ser únicas, com acabamento manual.   Batizada de "Beleza Selvagem", a passarela de Lins exibiu uma síntese de seu trabalho e sua trajetória: o Brasil onde ele cresceu e estudou arquitetura, a cultura e as técnicas de costura que aprendeu nos 25 anos em que viveu na Europa, e seu fascínio pelo quimono japonês e a porcelana.   Ofereceu, também, uma síntese de seus códigos, por exemplo, ao usar peças masculinas, como jaquetas e casacos, para vestir as mulheres, que Lins imagina elegantes, sedutoras e chiques. "Sensuais, mas dignas", resumiu, após o desfile. "As peças femininas um pouco masculinas são mais belas."   Embora a cultura europeia e o Japão também tenham estado presentes, foi o Brasil que marcou a coleção outono/inverno do estilista. Algumas modelos desfilaram acompanhadas de um jovem elegante, descontraído, esportivo, com uma bola de futebol debaixo do braço, e ao som do ritmo sensual da bossa-nova.   "Um pedaço de bola de futebol foi o ponto de partida da coleção. Queria dar um toque de nobreza a esse esporte, trazê-lo para a alta-costura", explicou o brasileiro, assinalando ter se inspirado, ainda, na porcelana, com que trabalha há anos.   "Outra inspiração foi a cerâmica de Sèvres, bela e frágil, como a vida", disse Lins, que usou bordados da mítica casa de François Lesage, grande nome do mundo da moda parisiense, que morreu meses atrás.   O brasileiro apresentou sua coleção no segundo dia de desfiles de alta-costura, quando também se apresentaram as marcas Chanel e Armani.   O estilista da Chanel, Karl Lagerfeld, que exibiu sua coleção no museu do Grand Palais, inspirou-se em "modelos antigos" da marca, aos quais deu um toque contemporâneo. Largefeld usou uma paleta impressionista, dominada por cinzas metalizados, brancos madrepérola e rosas pálidos. Também houve momentos de vermelho rubi e azulão.   O estilista alemão buscou recriar alguns dos modelos emblemáticos da marca e transportá-los para o século XXI. Usou conjuntinhos de tweed, que acompanhou com laços elegantes, e calças soltas, leves e fáceis de usar.   Lagerfeld também exibiu pedrarias, tecidos transparentes, plumas e flores. Como Lins, usou bordados Lesage e apresentou vestidos de festa espetaculares, com costas nuas, prontas para noites românticas.

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