Louis Vuitton encerra Semana de Moda de Paris com chave de ouro

AFP
03/10/2012 às 15:35.
Atualizado em 22/11/2021 às 01:46
 (Martin Bureau/AFP)

(Martin Bureau/AFP)

PARIS - A Semana de Moda de Paris foi fechada com chave de ouro com o desfile do estilista da Louis Vuitton, Marc Jacobs, que instalou nesta quarta-feira (3) em um pátio do Louvre escadas rolantes por onde desciam, de duas em duas, modelos vestidas com tecidos quadriculados, como se estivessem em um jogo de damas.

Para a próxima primavera-verão, Vuitton salpicou sua paleta de amarelo limão, caramelo, verde musgo, marfim, branco e preto, usados em saias justas, calças, e jaquetas, apresentadas por modelos que desciam aos pares as altas escadas.

A passarela da Louis Vuitton -espetacular, como só sabe fazer esta maison de luxo que fechou a temporada de desfiles iniciada em Nova York, passando por Londres e Milão- foi inspirada na obra do artista francês Daniel Buren, que colaborou com o cenário do desfile.

O trabalho de Buren "é muito gráfico, mas sempre me emociona", disse Jacobs aos jornalistas. No desfile anterior, o estilista recriou um trem Orient Express e já trouxe para a passarela um mágico carrossel branco.

"Depois do trem e do conto infantil, as escadas rolantes pareciam algo poderoso, sem ter que contar uma história", explicou o estilista, nascido em Nova York, e que já colaborou com artistas como o japonês Takashi Murakami, criando um grande sucesso nas vendas de bolsas Louis Vuitton.

Buren, conhecido por ter erguido 260 colunas de tamanhos diferentes em um pátio do Palais Royal -as chamadas "colunas de Buren"-, influenciou também a silhueta perpendicular proposta por Jacobs para a primavera-verão 2013.

"A coleção se traduz em uma silhueta simples, reta, com três alturas: curta, midi e longa, como as colunas. A única curva é a manga", disse o estilista, que substituiu o famoso monograma da marca, "LV", pelo jogo de damas da Louis Vuitton, padrão emblemático desde 1888.

O quadriculado do jogo de damas "é um motivo em movimento, um ritmo, uma equação matemática, uma espécie de movimento e de mudança perpétua", acrescentou Jacobs, o último dos grandes estilistas a desfilar este ano, após o desfile na noite de terça-feira de Alexander McQueen, cuja estilista, Sarah Burton, se inspirou no mundo das abelhas.

Burton recriou para seu desfile a colmeia de abelhas em jaquetas, shorts e calças de rigoroso corte de inspiração arquitetônica, apresentados por modelos com chapéus de couro e véu negros, como os usados por apicultores.

A revista especializada em moda Women's Wear Daily disse que Burton foi influenciada também pelas eróticas "Vargas girls", pin-ups de pernas longas e grandes penteados, quadris estreitos e seios exuberantes, criadas pelo ilustrador peruano Alberto Vargas, nascido no fim do século XIX.

Os desenhos destas mulheres sensuais, que figuravam em almanaques, pôsters e calendários e fazem parte da cultura americana, consolaram milhares de soldados e marinheiros americanos e agora inspiram estilistas como Sarah Burton.

Esta Semana de Moda foi uma das mais históricas dos últimos tempos, graças às estreias dos estilistas Hedi Slimane, para a maison Saint Laurent, e Raf Simons, para Dior, cujos desfiles fizeram muito sucesso.

Segundo especialistas de moda, o nível destas passarelas foi "excepcional". Nesta semana vimos "uma sucessão de desfiles excepcionais", disse à AFP Serge Carreira, professor da Universidade de Ciências Políticas de Paris.

Esse ponto de vista é compartilhado por Jean-Jacques Picart, consultor de marcas de luxo, que disse que as passarelas parisienses tiveram "um nível raramente alcançado". Os especialistas de moda concordam que as duas coleções mais esperadas, de Raf Simons para Dior e Slimane para Saint Laurent, cumpriram suas promessas.

Mas para alguns, o desfile de Slimane, que apresentou sua primeira coleção feminina, foi sobretudo uma vibrante homenagem a Yves Saint Laurent.

"O verdadeiro trabalho de Slimane para essa marca" será visto talvez nos próximos desfiles, escreveu a influente jornalista de moda Suzy Menkes, do International Herald Tribune.

Slimane deveria "utilizar os códigos de YSL na próxima temporada para ir além e passar de uma homenagem a algo mais dinâmico", advertiu Menkes.

Em meio ao clima abatido do momento, o único desfile que talvez tenha expressado uma vontade de viver foi o de Jean Paul Gautier, que prestou homenagem à criatividade dos artistas e músicos dos anos 1980.

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