Yayoi Kusama enche de bolinhas a coleção da Louis Vuitton

Patrícia Cassese - Do Hoje em Dia
02/09/2012 às 11:44.
Atualizado em 22/11/2021 às 00:57
 (Toru Yamanaka/AFP)

(Toru Yamanaka/AFP)

Nova York – As vitrines da badalada Quinta Avenida semeiam desejos. Inclusive por corpos masculinos torneados, alvo de admiração das adolescentes que fazem fila na porta da A&F não só para comprar, mas para admirar os rapazes malhados, sem camisa, que ficam ali, posando. Mas é um pouco mais adiante que uma grife tradicional consegue polarizar ainda mais olhares ao fundir, mais uma vez, arte e moda.

A marca responde pelo nome de Louis Vuitton. O fator "agrega valor", no caso, vai para o universo bastante particular de Yayoi Kusama, convidada pelo espertíssimo Marc Jacobs, hoje o nome por trás da célebre empresa, para emprestar sua marca registrada a uma coleção que já conquistou adeptos como Lady Gaga – a cantora de "Bad Romance" desfilou recentemente, toda satisfeita da vida, com sua poderosa bolsa amarela de bolas pretas.

Turma de Warhol

Sim, a marca registrada à qual fizemos alusão são as bolas. Na verdade, não só. O mundo onírico de Kusama inclui, ainda, obsessões como flores ou formas fálicas (apesar da declarada repulsa ao sexo). Mas foram as bolas que a fizeram mais conhecida, e daí vale um retrospecto.
 
A artista japonesa, atualmente com inacreditáveis 83 anos, migrou para os Estados Unidos contabilizando 27 primaveras.

Lá, foi logo se enturmando com nomes como Andy Warhol, e entrou para o rol de artistas de vanguarda, engajando-se em movimentos como os a favor dos direitos dos homossexuais ou contrários à Guerra do Vietnã. Ou fazendo happenings aos quais, não raro, se deixava fotografar nua.

Deixou sua marca tão viva na memória da classe artística que, em 1984, o ex-Genesis Peter Gabriel dedicou-lhe a música "Lovetown", inspirado, claro, nos pois. Ao final do clipe, uma declaração e tanto: "Yayoi Forever", com um coração ao lado das bolas.

Alucinações

Bem, mas ainda não falamos das bolinhas. Na verdade, aos 12 anos, Yayoi começou a ter alucinações com bolinhas. Mais tarde, de volta ao Japão, ela própria resolveu se internar.

Hoje, Yayoi vive em uma clínica psiquiátrica, e só se locomove em uma cadeira de rodas, como você pode conferir na foto ao lado, tirada em março deste ano, em Tóquio.

Exposição no Whitney

Yayoi Kusama não está apenas nas lojas Louis Vuitton de Nova York. O Whitney Museum, na Madison Avenue, abriga uma mostra dedicada à artista, que prossegue até o próximo dia 30, com uma seleção abrangente de seu trabalho.

Mas quem não estiver com o passaporte em dia não precisa ficar se debulhando em lágrimas – no site da instituição, é possível conferir fotos e um vídeo pra lá de bacana. Kusama é, de fato, uma fascinante figura. Não duvide que, cooptado pelos produtos LV, você vai querer saber mais e mais sobre ela.

Os amantes da arte podem torcer o nariz para a associação de um nome de vanguarda a uma grife que está intrinsecamente ligada ao comércio de luxo. Ter uma bolsa com monograma LV, de fato, tornou-se uma fixação para um contingente significativo de mulheres – principalmente nos modelos mais tradicionais.

Mas... A nova coleção é irresistível. E, melhor de tudo, o monograma aparece de forma bem mais discreta, em sintonia com tempos em que ostentar não é mais a palavra de ordem. Au contraire.

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