Spike Lee questiona novo filme de Quentin Tarantino

Do Hoje em Dia
27/12/2012 às 10:30.
Atualizado em 21/11/2021 às 20:05
 (Divulgação)

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Spike Lee não viu “Django Livre”, mas não gostou do novo filme de Quentin Tarantino. Lee, cuja filmografia é marcada pela temática racial, afirma que boicotará o longa por considerar ofensiva sua abordagem da escravidão. O faroeste, que estreou nos Estados Unidos no Natal, conta a história do ex-escravo Django (Jamie Foxx), que, libertado pelo dentista e caçador de recompensas King Schultz (Christoph Waltz), vai resgatar a mulher, Broomhilda (Kerry Washington), de seu violento senhor, Calvin Candie (Leonardo DiCaprio).

Em uma entrevista em vídeo, disponível no portal de entretenimento www.vibe.com, o diretor de “Faça a Coisa Certa” disse, a respeito do novo filme de Tarantino: “Não posso falar sobre ele, porque não vou assisti-lo. Não vou ver. Tudo o que vou dizer é que ver aquele filme é desrespeitoso aos meus ancestrais”.

O vídeo foi seguido por uma manifestação sobre o filme, em letras maiúsculas, no Twitter: “A Escravidão Americana Não Foi Um Western Spaghetti de Sergio Leone. Foi Um Holocausto. Meu Ancestrais São Escravos Roubados Da África. Eu Os Honrarei”.

Rusgas

O comentário no Twitter gerou uma série de respostas de seus fãs e dos de Tarantino. Ao responder um seguidor que dizia que “Django Livre” era apenas um filme e que não deveria ser levado a sério, Spike Lee destacou: “Errado. O Nascimento de uma Nação levou ao linchamento de negros. A mídia é poderosa. NÃO DURMA. ACORDE”.

Essa não foi a primeira rusga entre os diretores. Spike Lee já havia criticado Quentin Tarantino pelo uso abundante da palavra “nigger” no filme “Jackie Brown”, de 1997. O termo, que significa “negro” ou “preto”, é considerado pejorativo para parte da população afro-americana.

“Não sou contra a palavra. E algumas pessoas falam desse jeito. Mas Quentin é apaixonado por ela”, disse Lee à revista “Variety”. “Quero que Tarantino saiba que nem todos os afro-americanos acham que a palavra é da moda ou legal”.

Agenda

A crítica de Lee à abordagem da escravidão em “Django Livre” talvez não seja isolada. O tema é espinhoso e Tarantino sabia disso. Em entrevista à Folha de S. Paulo, ele afirmou que não teve qualquer hesitação em abordá-lo. “Eu sei que algumas pessoas falarão sobre o tema do filme, mas isso não é nada. Ninguém tem o poder de parar o que eu estou fazendo”, disse.

O novo filme de Quentin Tarantino tem estreia prevista para 18 de janeiro no Brasil. Enquanto isso, Spike Lee continua trabalhando ativamente. Ele lançou recentemente “Verão em Red Hook” e “Michael Jackson - Bad 25”, e ainda prepara o documentário “Go Brazil Go!” e “Old Boy”, remake da premiada produção sul-coreana.

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