Brega e cult, Odair José lança o disco "Praça Tiradentes"

Elemara Duarte - Do Hoje em Dia
02/09/2012 às 08:32.
Atualizado em 22/11/2021 às 00:57
 (Odival Reis/Arquivo Hoje em Dia)

(Odival Reis/Arquivo Hoje em Dia)

Odair José está mais cult que nunca, mas sem deixar de lado a temática da vida e das paixões como elas realmente são. Seu aguardado CD, "Praça Tiradentes" (Saravá Discos), produzido por Zeca Baleiro, chega às lojas com músicas que falam do início da carreira do cantor na referida "Praça Tiradentes", no Rio de Janeiro, e uma canção para a ex-garota de programa Bruna Surfistinha. No fluxo, Odair também canta composições de nomes de agora como Arnaldo Antunes, Chico César, Carlinhos Brown e o próprio Baleiro.

Sobre o nome do novo CD, Odair José explica que é uma referência ao primeiro local em que morou no Rio quando veio de Goiânia. O último disco de Odair "Só Pode ser Amor" (Deck Disc) foi lançado em 2006.

Mas não pense que os "meninos" estão dando uma mãozinha para o ídolo brega sessentão – 40 anos só de música. Pelo contrário. Basta ouvir o disco para comprovar que quem é rei não esquece nem perde a pegada real. Odair José tem por marca registrada a coragem de colocar sentimentos e todo tipo de assunto às claras. No disco isso é evidente.

Afinal, pra que rodeios, se esta é a característica que consagrou o "cantor da pílula" durante décadas nas paradas de sucessos? Na primeira das 12 faixas, que tem o mesmo nome do disco, Odair descreve esse entendimento com os fãs. "Quando eu era menino/ Eu sonhei um sonho novo/ Misturar o meu destino/ Com o destino desse povo".

Arranjos com levada folk e com uma "pílula" roqueira dão tratamento especial para as canções. As filosóficas "Em qual Verdade" e "Vida que não Para" e a virada de página de "Sob Controle" são exemplos disso. Ainda nessa linha, mas não com mesma força das letras "Odaíricas", aparece "Vou Sair do Interior", de Antunes e Brown.

Mas Odair José aparece pleno e absoluto mesmo é na faixa seguinte: "Aconteceu". Sinta o drama: "Num hotel sem conceito, rolando na cama/ Sem nenhum preconceito a gente se ama/ Bebendo um scotch falso e sem gelo/ Mostrando pro mundo que o amor/ vagabundo/ Também tem seu apelo".

E arrebata na homenagem à Surfistinha em "E Depois Volte pra mim", na qual, junto com Baleiro, diz à personagem: "Diga sempre que me ama/ Vá fazer o seu programa/ E depois volte pra mim". Acha que fazer letra "brega" é fácil?

Ser sincero não é fácil. Por isso, Odair sempre vai encantar quem identifica em suas letras as traduções para os dramas da paixão. "Nada é mais decente que confessar a dor", ensina o músico, em "O Fim de Nós Dois". A canção fecha o CD, mas mantém a porta da arte de Odair aberta. Talvez por mais algumas décadas. E que ninguém tire Odair deste lugar.

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