Clara Nunes na memória de todos para sempre

Elemara Duarte* - Do Hoje em Dia
15/07/2012 às 10:16.
Atualizado em 21/11/2021 às 23:34
 (Arquivo Hoje em Dia)

(Arquivo Hoje em Dia)

A doce presença da cantora Clara Nunes ecoa cada vez mais em Caetanópolis, cidade do sertão mineiro onde esta, que é uma das principais intérpretes brasileiras, nasceu. Prova disso é o "Memorial Clara Nunes" que, enfim, será inaugurado em 11 de agosto deste ano. A data é um dia antes do aniversário da cantora que completaria 70 anos. No local, será acondicionado e exposto parte do acervo dela com mais de 6 mil itens. Os objetos foram catalogados e registrados e, há quase 30 anos, ficavam sob os abnegados cuidados da irmã mais velha de Clara, Maria Gonçalves da Silva, a "Dona Mariquita".

Há 25 anos, a aposentada fundou a creche que leva o nome da irmã famosa, que ela ajudou a criar depois da morte prematura dos pais. A instituição filantrópica fica na mesma rua onde foi erguido o memorial. A creche foi o último sonho da cantora, que morreu em abril de 1983, vitimada por um choque anafilático durante uma cirurgia. Sonho que Mariquita, 80 anos, assumiu para si mesma, juntamente com a construção do memorial.

Brasileiríssimo

Roupas rendadas e adereços com conchas – marcas registradas do brasileiríssimo figurino da cantora – fotos, primeiras gravações na Rádio Inconfidência em BH, troféus, cartas, documentos, discos raros e discos de ouro, entre outros itens, compõem o acervo de Clara. O imóvel, cedido por um sobrinho da cantora, contou com reforma.

O projeto do "Memorial Clara Nunes" é encabeçado pela prefeitura de Caetanópolis e pelo Instituto Clara Nunes, constituído pelos familiares da artista.

A coordenadora do projeto de montagem do memorial pela Universidade Federal de São João del-Rei, Silvia Maria Jardim Brügger, descreve que o local terá salas para a exposição, projeções de filmes e reserva técnica.

"Quando os problemas apertam na creche ou no Instituto, eu chego na foto e peço ajuda para ela"

Mariquita lembra que bateu na porta de muitas pessoas, empresas e leis de incentivo para conseguir construir o memorial, mas sem sucesso. A verba veio com uma Emenda Parlamentar de um deputado estadual. Ela diz que essa verba foi repassada para prefeitura, que entrou na parceria do projeto junto com o Instituto Clara Nunes. O memorial será aberto para turistas nos fins de semana.

"Temos ainda a parte do sincretismo religioso de Clara. São guias, santos católicos e livros espíritas. Uma das peças que emocionam é a bandeira da folia de reis do pai dela", diz Silvia Brügger. A equipe da professora passou dez anos catalogando e identificando os objetos. Outro objetivo para manter a memória de Clara na cidade é a restauração da casa onde ela nasceu, no Centro da cidade, em fase de estudos.
 
Na casa de Mariquita em Caetanópolis, onde mora há mais de 40 anos, as referências da filha do coração são constantes. Na copa, uma foto da cantora em tamanho natural, tirada durante uma viagem ao Japão, nos anos 1980. "Quando os problemas apertam na creche ou no Instituto, eu chego na foto e peço ajuda pra ela", diz Mariquita.

 

*De Caetanópolis

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