Coisas urgentes e inquietações habitam canções de Dan Nakagawa

Miguel Anunciação - Do Hoje em Dia
30/07/2012 às 11:31.
Atualizado em 21/11/2021 às 23:57
 (Divulgação)

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Gravado em 2006, "O Primeiro Círculo" teria deixado a desejar: "Gosto bastante dele, mas foi muito produzido, segundo a visão que tenho hoje sobre arranjos. Tinha muita programação, muito instrumento, era preenchido demais. Hoje, estou buscando mais silêncios musicais", avalia Dan Nakagawa, cantor e compositor nipo-paulistano, elogiado por Nando Reis, Lulu Santos e Jorge Mautner, gravado por Ney Matogrosso, com quem vai dividir um DVD em outubro.

Delicioso de escutar, "O Oposto de Dizer Adeus", seu 2° álbum, possui dez faixas, clipes inacreditáveis. Obedeceu a um critério bem simples de escolhas: reúne as canções que ele mais gostava, entre as que compôs ao longo de "três meses, no máximo". Ficaria "meses sem chegar nem perto de um instrumento", mas entraria em surto psicótico quando começa a criar.

"Não durmo, não como, passo os dias escrevendo, cantarolando. Tento ir ao cinema, distrair, mas começo a gravar a fala de um personagem, a melodia de uma trilha que gostei, enfim, caos total", revela.

Produzido por Dan e Rogério Bastos, o álbum contou com a ajuda de amigos, músicos e produtores. "Infelizmente, leis de incentivo só servem para artistas consagrados, são cartas marcadas", acusa. Por isso, gravou na raça, de novo, "gastando pouco, do próprio bolso". "O lado bom é que dificuldades trazem personalidade e liberdade à sonoridade do seu disco".

Avesso a difundir o que não lhe toca, Dan só compõe quando pressente ter o que dizer, coisas urgentes. "Por isso, as canções foram feitas tão rapidamente, todas são urgentes para mim".
Nenhum dos parentes é artista: a música lhe surgiu quando criança, provavelmente pela necessidade de se expressar artisticamente.

"Como uma maneira muito interessante de ver o mundo de outra perspectiva que não fosse a cartesiana. Gosto de liberdade, de beleza, de provocação, de inquietação", reforça. E jamais se deixaria abater por dificuldades.

"Li no livro da Patti Smith, Just Kids, que a relação entre artista e dignidade não teria nada a ver com dinheiro. Você faz arte por não ter mais nada a fazer na vida, porque é a sua forma de se relacionar com o mundo, é como o mundo se apresenta a você. Faz arte sem esperar dinheiro ou sucesso. São maravilhosos, mas estão noutra esfera. Até podem ou não se relacionar, mas não devem interferir na sua dignidade como artista", filosofa Dan.

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