Déa Trancoso e Paulo Bellinati homenageiam o Jequitinhonha

Cinthya Oliveira - Do Hoje em Dia
03/09/2012 às 09:24.
Atualizado em 22/11/2021 às 00:58
 (Divulgação)

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O Vale do Jequitinhonha mais uma vez é homenageado por Déa Trancoso. Mas, dessa vez, ela não está acompanhada por um dos vários talentosos violeiros de sua terra, e sim por um dos mais respeitados violonistas do mundo: o paulista Paulo Bellinati. O disco “Flor do Jequi”, assinado pelos dois, tem show de lançamento hoje e amanhã no teatro de bolso do Sesc Palladium.
 
O disco, na verdade, nasceu graças a uma terceira pessoa, o fotógrafo carioca Marcelo Oliveira. Ao colocar em prática o projeto “Estórias de Luz – Narrativas Fotográficas do Vale do Jequitinhonha”, ele desejava ir além das imagens. “Ele queria que, enquanto as pessoas vissem o Jequitinhonha, também pudessem ouvi-lo”, explica Déa.

“Quando conheci o Paulo, fiquei impressionada com a sua simplicidade. Ao surgir o convite do Marcelo, pensei: ‘será que o Paulo aceita?’ Deu certo e pudemos fazer uma homenagem definitiva ao Jequitinhonha, uma declaração de amor”, afirma a artista, que conseguiu viabilizar disco e circulação do show graças ao programa Natura Musical.

Do repertório, Déa destaca a faixa-título, escrita por ela e musicada por seu antigo parceiro Sergio Santos. “As pessoas costumam me perguntar quem é a flor do jequi e a minha inspiração são as mulheres do Vale. Penso em Dona Izabel, Dona Generosa, Maria Lira. Penso em mulheres como a minha avó”, diz.

Tradicionais

O repertório de “Flor do Jequi” conta ainda com algumas músicas tradicionais, como “Pisa no Toco”, “Nem Curto, Nem Comprido” e “Coco da Véia”. Há ainda composições de artistas do Jequitinhonha, como “Tropeiro de Cantigas”, de Paulinho Pedra Azul, e “Mestra Diôla”, de Gonzaga Medeiros.
 
São canções características da região, mas que, aqui, ganham um “quê” a mais com o violão de Paulo Bellinati. “Ele é um cara muito musical e muito brasileiro. Vi que estava interessado em fazer versões com muita paixão. Ele enxergou, nas músicas, belezas que talvez nem os próprios autores tenham visto, por ter um domínio da técnica”, diz.

É importante lembrar que Bellinati foi arranjador de trabalhos de grandes artistas, como Gal Costa (com quem ganhou um Prêmio Sharp, pelo álbum “O Sorriso do Gato de Alice”), João Bosco, Edu Lobo e Chico Buarque. Em “Flor do Jequi”, ele usa um violão de seresta confeccionado em 1935, que está em suas mãos há mais de 20 anos.

Gismonti
Quem atesta a qualidade dessa união entre Minas e São Paulo é Egberto Gismonti. Após ouvir o disco, o compositor fez questão de escrever a apresentação, se derretendo em elogios.

“Ele acha que esse é um Brasil que é rico, mas aparece muito pouco”, conta Déa, que este mês faz uma turnê por seis países europeus.

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