Frederico Heliodoro, Thiago Delegado e o desafio do segundo álbum

Cinthya Oliveira - Do Hoje em Dia
14/12/2012 às 12:08.
Atualizado em 21/11/2021 às 19:34
 (Samuel Costa/Hoje em Dia)

(Samuel Costa/Hoje em Dia)

Uma coincidência une Thiago Delegado e Frederico Heliodoro, dois expoentes da música instrumental mineira: decidiram colocar no mercado seus segundos álbuns este mês. Enquanto o baixista Heliodoro faz show de lançamento de "Dois Mundos" na noite desta sexta-feira (14), no CentoeQuatro, o violonista Delegado se apresenta na próxima quarta-feira (19), no Sesiminas, para divulgar seu "Ao Vivo no Museu de Arte da Pampulha".

Ambos, bastante elogiados recentemente pelo crítico Antônio Carlos Miguel, em seu blog, no "G1", os rapazes foram convidados pelo Hoje em Dia para uma conversa sobre produção, linguagem e cenário da música instrumental em Minas Gerais. Confira trechos do bate-papo.

Segundo disco

Heliodoro - "A grande diferença (entre os meus dois discos) é que o primeiro ("Ao Vivo no Café com Letras", de 2011) foi num bar, com barulho, com xícaras batendo e um cara fazendo uma laranjada. A ambiência da gravação ficou bem evidente.

O segundo foi em estúdio, também numa correria. Foram dois dias de gravação. As músicas já existiam, mas os arranjos foram feitos em grupo. Queria fazer um disco que fosse mais fácil de ouvir. Que não tivesse solos louquíssimos ou baixos 'doidaços'. Tem uma coisa mais melancólica na melodia".

Delegado - "Meu processo foi o contrário do Fred. No primeiro ('Serra do Curral', de 2010), quis concentrar a minha turma inteira. Tem mais de 20 pessoas no disco, todos meus amigos e os artistas que foram minha referência, como (Esdra) Neném e Juarez (Moreira). No segundo, queria mostrar meu lado violonista e também o meu lado arranjador de músicas que não são minhas (músicas gravadas por Tom Jobim, Toninho Horta e Milton Nascimento).

No segundo, quis me mostrar mais nu, tendo o violão como a coisa central. Queria mostrar bem a execução e isso é melhor ao vivo, porque não tem jeito de maquiar, de editar. Na gravação, tem até passarinho cantando, gente tossindo e eu acho isso superlegal".

Mudança de linguagem

Heliodoro - "O primeiro foi gravado depois de eu passar três meses em Nova York. Estava fazendo aula, estudando, ouvindo de tudo, muita coisa para pensar mesmo. Fiz as músicas do primeiro álbum inspirado nesses estudos.

Depois disso, fiquei sem grana em Nova York e vendi meu piano e meu teclado. Então, fiquei só tocando guitarra quando voltei. As músicas todas feitas depois da volta eram no violão e na guitarra e com outras influências, não só do mundo do jazz contemporâneo. Tinha muita influência de James Taylor, dos Beatles".

Delegado - "Não houve uma mudança no método (de composição), mas tem sempre aquela coisa que a gente nem vê e está acontecendo. Agora sou parceiro do Juarez Moreira e estou mais próximo do Toninho Horta, que fizeram parte de certa forma da mesma turma do Clube da Esquina. Alguns músicos dizem que nesse disco tem mais elementos do Clube da Esquina do que no meu primeiro.
Naquele, tinha colocado mais coisas da minha infância, como samba, Tom Jobim, Chico Buarque".

Heliodoro - "Milton Nascimento fazia uma música do modo dele. Mais ou menos na mesma época, James Taylor lançava seu disco pela Apple com uma onda melódica parecida com Clube da Esquina. Um não conhecia o outro. Eu fiz algumas músicas pensando no James Taylor, mas quando o Daniel Santiago (produtor do disco) chegou no estúdio e ouviu, achou que aquilo tinha muito a ver com Milton. Depois que atinei para isso, passei a incorporar algumas coisas do Milton e do Lô Borges, especialmente em meus solos de baixo".

Cantar um dia?

Delegado - "Não! No novo disco, a gente fez um 'lalaiá', mas estou com outros dois cantando comigo".

Heliodoro - Ano passado, quando estava compondo as melodias, as letras foram aparecendo. Mas (o futuro disco com canções) vai ser algo bem mais simples, uma coisa de música fácil, para emocionar".

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