Ney Matogrosso volta a BH com sua precisão vocal

Clarissa Carvalhaes - Do Hoje em Dia
10/08/2012 às 10:43.
Atualizado em 22/11/2021 às 00:21
 (Ney Matogrosso/Divulgação)

(Ney Matogrosso/Divulgação)

Quando subir ao palco na noite desta sexta-feira (10), no Grande Teatro do Sesc Palladium, Ney Matogrosso terá os olhos pintados e toda a excelência vocal – própria dos verdadeiros artistas. Dos raros, bem verdade.

Pela segunda vez em Belo Horizonte com o show "Beijo Bandido", Ney entrega ao público clássicos de Roberto Carlos, Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Geraldo Azevedo, Herbert Vianna e, claro, Cazuza. Um repertório escolhido minuciosamente.
O resultado? Um espetáculo mutante. "Era um show com temática romântica, mas que se transformou em uma mistura pop. No início estava bastante reverente, agora descobri que há margem para algo performático", conta Ney.

Na estrada com "Beijo Bandido" há três anos, o músico se diz surpreso com o retorno do público que vem esgotando as bilheterias do show nas cidades por onde se apresenta.

Fenômeno

Em Belo Horizonte, evidentemente, não é diferente. "O avesso vem acontecendo em ‘Beijo’. Os ingressos não deviam se esgotar porque já rodamos muito e nos apresentamos muitas vezes. Assim como em BH, tenho levado esse show por mais de uma vez, mas as entradas sempre acabam. É um fenômeno e o público é surpreendente", comemora.

Para os que não assistiram à apresentação – e já garantiram o ingresso – vale o aviso: quando se trata de Ney Matogrosso, o melhor está nas entrelinhas. Aos 71 anos , o cantor se recria abrindo mão das excentricidades. Em "Beijo Bandido" não há figurino, tampouco performances excessivas: apenas olhos que ganham destaque e a notoriedade de uma voz precisa que leva o público a uma apresentação acústica e intimista.

"Quero que as pessoas vejam meus olhos. Por isso os pinto, porque quem está longe pode não conseguir enxergá-los caso não estejam pintados. Não é necessária outra preparação teatral além dessa. Isso basta".

Introspectivo

Como basta também o silêncio do músico antes do show. "Não é mole, não. E sempre é um novo show. Quando vou subir ao palco, é assim que me sinto, que me comporto. Fico introspectivo e me preparo sozinho. Cada plateia é diferente, é nova", conta.

Hoje, quando revê seus trabalhos, Ney faz uma reflexão sobre os excessos que acabou levando do palco para os seus discos. "Eu faria diferente algumas coisas, mas, ao mesmo tempo, tudo foi feito à minha maneira, é tudo o Ney Matogrosso mesmo. Mas, pensando sobre isso, acredito hoje que um disco deve ser menos show".

Experimentação

Com direção musical e arranjos de Leandro Braga, "Beijo Bandido" faturou (em 2009) o Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) de melhor show de música popular.

"O importante é se manter atualizado e inovar. Fico feliz quando vejo bandas e artistas experimentando coisas, sons e instrumentos. Não é comum, mas acontece. Veja, por exemplo, que estou montando um show de rock, mas na banda não há bateria. Há guitarra, baixo e dois percussionistas. O que faço é experimentação!", exulta. O resultado desse trabalho poderá ser visto a partir de janeiro de 2013. Há que se esperar, como sempre, o melhor.


Show de Ney Matogrosso no Sesc Palladium (avenida Augusto de Lima, 420, Centro). Nesta sexta-feira (10), às 21 horas. Ingressos esgotados.

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