Rush retorna em 19° trabalho com som vigoroso

Marcelo Ramos - Do Hoje em Dia
12/07/2012 às 10:43.
Atualizado em 21/11/2021 às 23:30
 (Rush/Divulgação)

(Rush/Divulgação)

Além do fato de ser canadense e ter um contrabaixista que ocupa a mão direita com um teclado, o Rush é um daqueles power trios diferentes de tudo. E por isso é respeitadíssimo, já que orbita entre o rock e o progressivo com uma qualidade técnica e criatividade que não se vê em abundância no mercado fonográfico atual.

Geddy Lee, Alex Lifeson e Niel Peart acabam de lançar o álbum “Clockwork Angels”, seu décimo nono trabalho em estúdio, que mantém a identidade da banda, mas chega mais denso. É uma pauleira do início ao fim.

O que chama atenção em todas as faixas é o preenchimento do som. O Rush está tocando mais alto, com mais vigor. No entanto não apela para a barulheira confusa. Todos os instrumentos e notas são percebidos com distinção perfeita. Trata-se de um belo disco de rock, com composições longas e muito trabalhadas, em que a harmonia muda a todo momento.

Para quem está acostumado com bandinhas em que os baixistas tocam dois acordes durante quatro minutos, e os bateristas não têm coordenação motora para pisar no chimbal e no bumbo ao mesmo tempo, ouvir esse disco do início ao fim é uma experiência enriquecedora.

Um dos pontos críticos do Rush, pelo menos na minha opinião, sempre foi a voz esganiçada de Geddy Lee. Se ele ficasse calado, certamente o som da banda seria muito mais legal, afinal é um exímio contrabaixista, mesmo com o acúmulo de funções. Mas, por incrível que pareça, nesse álbum os vocais de Lee estão mais graves – vai ver que é pelo peso da idade, que não o tem deixado subir demais -, o que melhorou em muito o resultado. Claro que ele não resiste e solta seus gritinhos, mas, como a condução está mais pesada, acaba não sendo evidenciados.

Sobre as performances de Lifeson e Peart, não há o que comentar. Tanto o guitarrista bonachão quanto o baterista - considerado como um dos melhores de todos os tempos - fazem um excelente trabalho. Mas nesse álbum os acordes de baixo se destacam mais do que os riffs de guitarra, estes um pouco mais sujos. No entanto a batera é perfeitíssima, como se fosse um relógio.

Definitivamente, trata-se de um dos melhores trabalhos da banda, nos últimos 20 anos, o que comprova que roqueiros quase sexagenários não se sucumbem a modismos e não se acomodam por causa da idade. Certamente é uma maneira inteligente de investir US$ 12 (R$ 24,40) via iTunes, ou até pagar um pouco mais pela obra em CD (R$ 35). São 66 minutos que merecem uma audição dedicada, que podem inspirar ou desmotivar os pretensos roqueiros a seguir nesse caminho.

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