Skank lança disco com gravações de 1991

Cinthya Oliveira - Do Hoje em Dia
01/08/2012 às 11:09.
Atualizado em 22/11/2021 às 00:01
 (Arquivo Hoje em Dia)

(Arquivo Hoje em Dia)

Os integrantes do Skank estão acostumados a pensar no grande público ao traçar suas estratégias de lançamento. Mas, no ano em que a banda completa 20 anos de carreira, o quarteto decidiu colocar no mercado um disco que deve agradar não à multidão, mas especialmente aqueles fãs mais fiéis, que estão sempre em busca do lado B.

Acaba de chegar às lojas "Skank 91" (Sony), disco que apresenta dez músicas gravadas na época em que o Studio Ferretti, da família do baterista Haroldo, era um estúdio de fundo de quintal, mais seis músicas tiradas do primeiro show realizado pelo grupo em São Paulo – época em que o Skank ainda nem havia se formado de maneira mais definida.

"A gente tem uma rádio em nosso site, onde tocamos músicas que gostamos e produzimos programas especiais. Começamos a apresentar shows nossos com comentários, e o programa que mais deu repercussão foi esse show feito em São Paulo", conta o vocalista Samuel Rosa, explicando que foi nesse momento que a banda percebeu o quanto poderia ser interessante lançar o material de arquivo. "Temos muita coisa guardada".

Das dez faixas gravadas no estúdio, sete entraram para o primeiro álbum – que arrebatou público e crítica em 1992, com direito a 100 mil cópias vendidas. Três, então, são novidades para o público: "Raça" (de Milton Nascimento), "Eu Me Perdi" e "Telefone".

Samuel Rosa conta que o quarteto sentiu saudades do início de carreira ao pôr a mão nesse material de 1991, mas não deixou que a nostalgia os enganasse – eram tempos difíceis. "Olhamos o passado e sabemos quais são os capítulos seguintes. Tendemos a esquecer da angústia da época, das dificuldades".

Abrindo portas

Na hora de rever o que o Skank fez naquele início de década, Samuel Rosa compreende a importância do grupo para a cena roqueira local. "Belo Horizonte tinha ficado à margem do movimento do pop rock nacional dos anos 1980. Por isso todo mundo achava que era preciso ir a São Paulo para ter reconhecimento. O nosso caso foi diferente", diz Rosa, lembrando da época em que o Skank tocava em pequenas casas noturnas da capital.

O reconhecimento da imprensa mineira veio em pouco tempo, porque todos perceberam que estavam em frente a uma banda com uma proposta diversa do que vinha sendo feito.

"Éramos o contraponto ao rock dos anos 1980. Éramos mais esculachados, tocando de bermudão e adulterando clássicos da MPB. Tínhamos versões também com bateria eletrônica, algo que não era muito usado".
 
Para Rosa, "Skank 91" preconizou características que marcariam o movimento roqueiro do Brasil naquela década: a grande mistura de sonoridades. "Tem aí umas coisas que já apontavam como seria aquela geração, marcada pelo flerte com a brasilidade. Logo depois, vieram os Raimundos, misturando rock com música nordestina, e Chico Science fazendo Mangue Beat com batidas eletrônicas. Teve ainda o Planet Hemp flertando com o samba".

Gravações em fitas DAT

As seis músicas ao vivo de "Skank 91" foram gravadas na boate paulista Disco Raggae Night, no dia 5 de junho de 1991. A qualidade da gravação é boa porque foi feita em fitas DAT (ótima tecnologia na época). Faixas como "Amanhã", "A Tela" e a versão para "Shot in the Dark", de Henry Mancini, são novidades.

A banda planeja inserir uma suíte com quatro ou cinco faixas do álbum recém-lançado nos shows deste
segundo semestre. 

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