A Federação Internacional de Automobilismo (FIA) quer a criação de um sistema que limite de forma drástica o uso de telefones celulares dentro de automóveis, alertando que em muitos países os aparelhos já são os principais causadores de acidentes nas estradas. Uma pesquisa feita pelo Departamento de Medicina e Saúde da Universidade de Toronto, no Canadá, revela que enviar mensagens de texto ao volante é quatro vezes mais perigoso do que dirigir embriagado.
No mundo todo, 1,3 milhão de pessoas perdem a vida a cada ano em acidentes de trânsito e, se nada for feito, o número chegará a dois milhões em 2020.
Enquanto, por muito tempo, a combinação de álcool e volante foi o foco do problema, a constatação agora é de que, em alguns países, mandar mensagens de texto pelo aparelho ao dirigir já é a maior causa de acidentes. Na Inglaterra, desde 2007 falar ao telefone celular enquanto dirige pode dar cadeia.
Flight mode
O presidente da FIA, Jean Todt, agora negocia com empresas de tecnologia e montadoras a criação de um sistema equivalente ao flight mode, que permite que o telefone celular esteja ligado, durante o voo, mas sem sinal. “Como nos aviões, a ideia é ter um driving mode para os automóveis”, explica o presidente da FIA.
Sua proposta é de que sensores sejam instalados nos veículos e, no momento em que o carro estiver em movimento, o sistema de bordo conecta o aparelho ao driving mode automaticamente. Nos modelos equipados com viva-voz Bluetooth, continuaria sendo possível originar e atender chamadas, mas as mensagens de texto ficariam desativadas.
Educação
Todt se queixou da falta de atenção dada pelos governos ao tema e lembrou que, nos países em desenvolvimento, o problema ainda é maior. “Não há educação nem investimentos suficientes em infraestrutura, o nível dos veículos é ruim e há muita corrupção”, avaliou ele.
Outro obstáculo, em sua opinião, é a falta de punições aos maus motoristas. “A corrupção é um problema real”, disse Todt.
Segundo o presidente da FIA, os acidentes no mundo em desenvolvimento custam, anualmente, a essas economias cerca de US$ 100 bilhões, o mesmo volume de dinheiro que recebem em ajuda internacional dos países ricos.