Gustavo Schmidt fala sobre planos de Renault e economia

Marcelo Ramos - Hoje em Dia
28/05/2015 às 06:36.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:14
 (Carlos Henrique/Hoje em Dia)

(Carlos Henrique/Hoje em Dia)

Em passagem por Belo Horizonte, conversamos com o vice-presidente Comercial da Renault, Gustavo Schmidt, que falou sobre os planos da Renault e da atual situação econômica, que atingiu duramente o setor automotivo. Apesar do cenário nebuloso, o executivo acredita que em 2016 o setor já apresente reação.

Como a Renault tem analisado a atual situação econômica e quais são suas previsões para os próximos anos, há quem diga demoraremos cinco anos para voltar ao patamar de 2013. Você concorda?

Não sou tão pessimista, acredito que este ano terminaremos com o volume de 2009, na casa dos 2,8 milhões, que corresponde a uma queda de 20%. Para ano que vem não vejo uma reviravolta significante e na melhor das hipóteses uma elevação de 5%. Mas acho que não demoraremos tanto tempo para voltar à marca de 3,5 milhões de unidades vendidas.

E quais são os efeitos desse retrocesso?

A indústria trabalha com o que pode para manter seu quadro, como banco de horas e outros mecanismos. Quando tudo se esgota, começam os cortes, que vão refletir no varejo. A Fenabrave projeta que até o final do ano 20% da rede concessionárias fecharam as portas. Existe uma ideia de que as margens de lucro são muito altas, mas a margem nas revendas, quando muito boa, é de 1,5%. Em algumas praças como São Paulo, dificilmente passa de 0,8%. O concessionário ganha seu dinheiro na oficinal e nos serviços.

Com o dólar alto, a solução não seria exportar?

Brasil não tem para onde exportar. Temos sentido o impacto do mercado argentino, que não tem condições de importar nossos produtos, pois mesmo que as filiais tenham dinheiro, faltam dólares para efetivar as transações. E o restante da América Latina é insipiente.

Diante desse cenário o calendário de lançamentos será afetado?

Nosso cronograma de lançamentos está alinhado com a situação do mercado. Estamos com o lançamento da picape Oroch para este ano e teremos dois novos produtos para 2016.

A contar pelo crescimento dos SUVs, por acaso seriam os crossovers Captur e Kadjar?

O Kadjar é um produto novo e excelente potencial para o Brasil, mas com o câmbio atual fica impraticável trazê-lo. O Captur entra nesse mesmo problema. Para se ter uma ideia temos estudado alguns modelos como a Espace, que é o modelo topo de linha na Europa, mas teria um preço muito alto devido ao dólar e taxa de importação.

Ou seja, uma mudança no Clio vai demorar?

O Clio atual vem da Argentina e trazer a nova geração da Europa tornaria ele muito caro, acima do Sandero. Até estudamos trazer o Twingo, para concorrer como o Fiat 500, mas cai no mesmo problema de custo final. Com o câmbio como está e o mercado retraído não dá para arriscar.

Então, o Mégane R.S. não virá mais?

Estávamos com tudo pronto para importa-lo e tivemos que suspender o projeto. Tínhamos planejado uma série especial de lançamento com 100 unidades numeradas, mas o preço final subiu demais. Queríamos algo em torno dos R$ 110 mil, mas com dólar atual não sairia por menos de R$ 160 mil.

Seu parceiro de aliança, a Nissan, tem um motor 1.0 três cilindros. Quando ele ganhará o capô de um Renault?

Três cilíndros? Quem sabe um dia!

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