Não esquente com a válvula termostática

Marcelo Ramos - Hoje em Dia
14/02/2015 às 08:32.
Atualizado em 18/11/2021 às 06:01
 (Divulgação)

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Para a grande maioria das pessoas, o funcionamento de um automóvel é algo sobrenatural. E não tem nada de errado nisso. Afinal, ninguém precisa conhecer de engenharia para poder se habilitar a dirigir ou muito menos adquirir um carro. Acontece que o desconhecimento pode fazer com que o proprietário seja vítima de picaretagens e recomendações irresponsáveis de prestadores de serviço, como mecânicos que insistem que a tal da válvula termostática não serve para nada.

Apesar de estarmos na metade da segunda década do século XXI, há quem acredite que o componente é uma frescura, e que sem ele o motor nunca irá ferver. Mas para que serve a válvula termostática?

Ela é responsável por fazer com que o motor atinja e mantenha a temperatura ideal de funcionamento. Quando o motor está frio, ela impede que a água que corre nos dutos do motor passe para o radiador. Isso faz com que o motor se aqueça mais rapidamente. Se não tivesse a válvula, o motor demoraria mais tempo para atingir a temperatura ideal de trabalho, comprometendo sua eficiência. Ou seja: motor frio tem pior queima de combustível, o que faz com que ele consuma mais e, consequentemente, que polua mais. Além disso, a baixa temperatura favorece transformação do óleo em borra, que a médio prazo pode levar a uma falha de lubrificação, seguida de um motor fundido.

Funcionário de uma montadora norte-americana por mais de 40 anos, o engenheiro e consultor da SAE Brasil Francisco Satkunas explica que a prática de se retirar a válvula termostática para regular a temperatura é um mito. “A prática virou mania na década de 1950, quando aqueles enormes V8 demoravam para aquecer. Hoje, isso não passa de uma prática condenável. Lembro de um episódio, que ocorreu na década de 1970. O presidente da montadora me chamou e pediu que eu visitasse um grande cliente, uma distribuidora de gás, que tinha adquirido uma frota de 200 caminhões, que na época utilizam motores a gasolina. Todos estavam apresentando problemas no motor. Quando cheguei à oficina vi que todos estavam sem a válvula termostática. Foram retirados por determinação de um fornecedor de lubrificante de má qualidade. A maioria tinha borras nos dutos do motor, já que operavam em baixa temperatura e formavam-se as borras. Fizemos um extenso trabalho de limpeza com trocas rápidas, que impediu a retifica da frota inteira. Mas mesmo assim, foi um prejuízo para o empresário”, recorda.

Então, fica o aviso: se o mecânico quiser remover a válvula termostática, recuse e procure outro profissional.
 

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