Com público modesto, escolas de samba de BH desfilam na Afonso Pena

Marcelo Ramos / Gabriela Sales - Hoje em Dia
09/02/2016 às 19:21.
Atualizado em 16/11/2021 às 01:21
 (Luiz Costa)

(Luiz Costa)

O sucesso do Carnaval de rua em Belo Horizonte, com bloquinhos que arrebanharam milhares de foliões pelas ruas da capital mineira é uma mostra de que o engajamento da popular, muito graças ao movimento em mídias sociais, pode funcionar.

No entanto, o mesmo ainda não pode ser dito a respeito dos desfiles das escolas de samba de BH que ainda carecem de estrutura e local fixo para o evento - ao contrário do que acontece no Rio de Janeiro e em São Paulo.

A maratona de desfiles das oito escolas teve início ainda com sol, por volta das 18h30, com a agremiação Afoxé Banderere (foto). Na sequência desfilam a Bem-Te-Vi, Força Real, Cidade Jardim, Imperavi de Ouros, Acadêmicos de Venda Nova, Estrela do Vale e Canto da Alvorada.

Segundo a Prefeitura de Belo Horizonte cerca de 3 mil pessoas marcaram presença nas arquibancadas.

 

 

Desafios

Mas se há poucos anos o Carnaval de BH era sinônimo de silêncio, nada impede que os desfiles das escolas de samba ganhem proporção. Resta saber: o interesse do público é mesmo daquele registrado pelos bloquinhos?

O público compareceu à avenida Afonso Pena sem o mesmo volume dos blocos dos dias anteriores. Segundo os foliões, a falta de organização na entrada para as arquibancadas dificultou o acesso.

"O desfile é importante, o público tem interesse, mas falta investimento. Tinha uma senhora na cadeira de rodas tentando usar o banheiro químico e não conseguiu. Isto precisa ser revisto", aponta Márcia Rodrigues, que veio de Betim para assistir os desfiles.

Para Simone Carvalho, mãe da rainha do Carnaval de BH, e que não conseguia acesso ao camarote, o investimento é pequeno.

"O prêmio é muito pequeno. As escolas não conseguem se manter sem investimento. Para se ter uma ideia, tem uma moça no meu bairro que é rainha de bateria e precisou arcar com o custo sozinha, pois as escolas não têm recursos", observa.

 

Desorganização

A falta de organização da Escola Bem-te-vi acabou comprometendo a saída da escola. O grupo passou pela avenida Afonso Pena apenas ao som da bateria. Vários integrantes da escola de samba  não foram para o desfile. O intérprete Fabiano Costa, contratado do Rio de Janeiro, ficou espantando com a desorganização. "O presidente e a diretoria da escola não estão presentes e o responsável pelo grupo de apoio desapareceu. Sou de escola de samba do grupo de acesso do Rio e jamais vi algo tão desorganizado e o desrespeitoso com o público", desabafa.

O intérprete chegou a pedir que a escola não desfilasse, mas parte dos integrantes optaram por entrar na área do evento apenas ao som da bateria e com apenas algumas alas presentes.  "Há dez dias do Carnaval estava tudo pronto. Hoje ninguém apareceu. Tudo foi feito com sacrifício. Não houve qualquer ajuda financeira da Belotur", diz o carnavalesco Aloísio Mariano.

 

No começo dos desfiles, o prefeito Marcio Lacerda, em  entrevista coletiva, avaliou como positiva  o Carnaval na capital. "Foi uma festa segura e bonita. Tivemos situações isoladas como o roubo de celulares na Savassi, mas nada que atrapalhou a festa. Esta parceria das polícias Militar, Civil e do Corpo de Bombeiros, com a maioria dos blocos de Carnaval ajudou a fazer uma boa festa para a cidade. Espero que o próximo prefeito melhore ainda mais a estrutura para o evento e consolide essa parceria",diz.

O prefeito destacou ainda que a festa precisa ser descentralizada para que todas as regiões possam receber a folia. "Tivemos uma boa oferta de segurança pública e infraestrutura como banheiros, sistema de trânsito e transporte e a organização dos blocos".

Quanto ao público, 1,6 milhão de pessoas nos dias de festejo, Marcio Lacerda destacou o aumento de belo-horizontinos e turistas optando pela capital mineira. "Neste ano, 250 ônibus não saíram da cidade para outras localidades para o Carnaval. Isso mostra que as pessoas estão gostando do Carnaval em Belo Horizonte e certamente isso irá crescer essa mobilização espontânea", diz.

 

Atualizada às 22h26

 

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