DAMASCO - O aeroporto internacional de Damasco foi alvo, nesta quinta-feira (13), dos disparos de dois morteiros por rebeldes, enquanto a ONU denunciou "os massacres incessantes" na Síria, cenário de um conflito cada vez mais "vicioso".
Mais de 93 mil pessoas, incluindo pelo menos 6,5 mil crianças, morreram desde o início da guerra civil na Síria, anunciou nesta quinta-feira a ONU, em um relatório que destaca o aumento do número de vítimas fatais por mês.
"Apelo às partes que declarem um cessar-fogo imediato, antes de seguir matando ou ferindo dezenas de milhares de pessoas", declarou Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay.
"Os massacres incessantes continuam a níveis exorbitantemente elevados, com mais de 5.000 mortos documentados a cada mês desde julho e 27.000 óbitos adicionais desde 1 de dezembro", completou.
Diante das recentes vitórias do Exército sírio sobre os rebeldes, uma reunião está prevista para sábado na Turquia entre representantes dos países aliados da oposição e o comandante do Conselho Militar do Exército Sírio Livre (ESL), Sélim Idriss, para discutir uma "ajuda concreta" à rebelião.
O ESL, fracamente armado em relação ao poderio das tropas governamentais, marcou pontos nesta quinta-feira, ao atacar o aeroporto internacional de Damasco com dois morteiros, segundo o ministro sírio dos Transportes, Mahmud Said.
Este é um dos primeiros ataques ao aeroporto desde o início da revolta, em março de 2011, contra o governo do presidente Bashar al-Assad.
"Um morteiro caiu nas proximidades do aeroporto, perto da pista, atrasando a aterrissagem de dois aviões vindos de Latakia (noroeste da Síria) e do Kuwait e a decolagem de um avião com destino a Bagdá", indicou o ministro, que acusa os "terroristas", termo usado pelo regime para designar os rebeldes.
"Nenhum passageiro foi ferido", garantiu. Segundo ele, outro morteiro atingiu um dos hangares e feriu um operário.
Os rebeldes também tomaram o controle de uma posição estratégica do Exército entre Damasco e Aleppo (norte), em uma ação que matou seis soldados. Os insurgentes apreenderam armas e munições.
"Esta posição é importante porque está localizada na principal estrada de abastecimento do Exército para Aleppo", afirmou à AFP o diretor do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), Rami Abdel Rahman.
Os meios de comunicação pró-regime afirmaram no domingo que as tropas governamentais se preparam para uma ofensiva contra esta metrópole do norte para esmagar a rebelião.
Necessidade de dinheiro, armas e munições
Em outra frente de combate, o Exército e o Hezbollah libanês atacaram a cidade de Husseiniyeh, na província de Homs (centro), "onde perseguem os rebeldes", segundo o OSDH.
Husseiniyeh fica perto da região de Qousseir, recuperada na semana passada pelo regime graças ao apoio do Hezbollah, um envolvimento denunciado pelos ocidentais e os países do Golfo que aumenta as tensões religiosas na Síria, país de maioria sunita, e no Líbano.
Enquanto a rebelião parece perder terreno para o regime, Paris, Londres, Washington, Ancara e Ryad analisam meios de reforçar os insurgentes
"É preciso parar esta progressão, antes de Aleppo", ressaltou na quarta-feira o chefe da diplomacia francesa, Laurent Fabius.
Segundo uma fonte ocidental, representantes dos países pró-oposição terão uma reunião no sábado em Istambul com o general Idriss, considerado um interlocutor confiável pelos ocidentais.
Ele precisa de "dinheiro, munições e armas" para assegurar certa tranquilidade e ganhar credibilidade entre os combatentes no terreno, segundo esta fonte.
Além disso, Washington anunciou na quarta-feira uma certa flexibilização das sanções comerciais em favor das zonas controladas pela oposição.
Em um novo relatório, a alta comissária da ONU para os direitos Humanos, Navi Pillay, denunciou "os massacres incessantes" e relatou mais de 5.000 mortes documentadas a cada mês desde julho" de 2012.
"Também há casos detalhados de crianças torturadas e executadas, de famílias inteiras massacradas. Estes casos e o balanço muito elevado de mortos são um terrível sinal do círculo vicioso do conflito", lamentou Pillay.
Por fim, o secretário-geral da ONU Ban Ki-moon iniciou discussões com a Suécia para que o país, eventualmente, assuma a liderança de uma força de manutenção de paz nas Colinas de Golã - região do sudoeste da Síria ocupada em grande parte por Israel - após a decisão da Áustria de retirar suas tropas após combates entre o governo e a oposição.