Último trabalho da diva Marília Pêra como diretora chega a BH

Patrícia Cassese - Hoje em Dia
11/12/2015 às 08:05.
Atualizado em 17/11/2021 às 03:17
 (Divulgação)

(Divulgação)

A intenção era reservar para o final as perguntas referentes à participação de Marília Pêra na empreitada – no caso, como diretora. Mas não deu. De pronto, Fernando Duarte, autor do texto de “Um Encontro com Marilyn Monroe”, que chega nesta sexta (11) a BH (única apresentação, às 21h, no Cine Theatro Brasil), já fala da amiga, falecida no último dia 5, e que assina, aqui, portanto, seu último trabalho no teatro.   A menção imediata ao nome de Marília se deve ao fato de a estreia da peça (em Manaus) ter acontecido no mesmo dia do falecimento da também atriz. Desnecessário lembrar que o elenco titubeou em levar o debute adiante, mas, após um telefonema de Bruno Farias, marido de Marília, veio a certeza de que sim, certamente a atriz e diretora não gostaria que fosse de outra forma.   Desde o início do processo, em agosto, Marília deixou claro à equipe que sua saúde estava debilitada. “Na primeira reunião, ela já disse: ‘não vou poder me dedicar a esse projeto como em ‘Callas’ (texto de Fernando Duarte também encenado sob a direção de Pêra). Mas ela abriu sua casa, em Ipanema, todos os dias, das 15h3o às 19h. E era impressionante a força dela”, conta o diretor.   BH é, pois, a segunda cidade a receber a montagem. Mas com uma baixa: Carolina Ferraz, que divide a cena com Daniele Winits, não vem, por problemas pessoais – será substituída por Sara Freitas.    O espetáculo é uma homenagem aos 90 anos de La Monroe, que serão completados em junho do próximo ano. Em cena, Winits dá vida a Marilyn, enquanto Carolina/Sara interpretam Margot, a bela assistente do estilista Jean Louis, que se prepara para vestir a femme fatale do cinema.   “Happy Birthday”   Curiosamente, a gênese de “Um Encontro com Marilyn” se deu justamente quando Fernando leu a biografia de Maria Callas, que mencionava um encontro entre a cantora lírica e a atriz, nos bastidores da antológica apresentação no Madison Square Garden (em 1962), na qual Monroe cantou “Happy Birthday” para JFK.    Instigado, Duarte se debruçou sobre a vida de Marilyn, e descobriu uma mulher bem diferente da comumente retratada pela mídia: para citar um exemplo, mais culta. O encontro com Margot tem, claro, toques ficcionais, mas o fato ocorreu, e uma coincidência fez com que a vida das duas voltasse a se cruzar. Anos antes, Margot se relacionava com Joe DiMaggio, o jogador de beisebol que acabou trocando-a por Monroe, com quem se casou. “A amizade entre elas, claro, ficou estremecida, só voltaram a se encontrar dez anos depois. “Margot tocou sua vida, se casou, mas existe, na peça, um certo acerto de contas. São mulheres diferentes, mas que têm coisas em comum, como o fato de serem solitárias. A peça fala sobre o universo feminino”.   A sessão na capital mineira fará uma homenagem a Marília Pêra, nome que, volta e meia, pontuou a entrevista. “Conheci-a quando comecei no teatro, então como contrarregra. Mas a primeira peça a que assisti foi ‘Master Class’, na qual ela fazia justamente Callas, à cuja voz fui apresentado na infância, em Brasília, quando ouvia os discos que minha vizinha escutava. Nem sabia o que era ópera, mas, como sempre fui dramático (risos), fui saber o que era, e acabei ganhando um disco, que tenho até hoje”, rememora.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por