Muito mais que “apenas” uma banda de rock

Álvaro Castro – Hoje em Dia
17/11/2015 às 16:43.
Atualizado em 17/11/2021 às 02:31
 (Danny Clinch)

(Danny Clinch)

Durante os seus 25 anos de carreira, o Pearl Jam se esforçou para se apresentar ao público como mais do que uma banda de rock. No auge de sua carreira, ainda na primeira metade dos anos 90, se embrenhou em uma ferrenha luta contra a então gigante Ticketmaster, que controlava boa parte do mercado norte-americano de venda de ingressos, como ocorre hoje com a Tickets for Fun.

A briga durou toda a turnê de lançamento de seu terceiro álbum, Vitalogy, um dos mais aclamados pela crítica ao lado de Ten e Vs. A briga com a gigante acabou por minar vários dos esforços da banda para se apresentar nos EUA, os forçando a lidar com a própria produção e os afastando dos grandes festivais de verão.

O esforço era para que os preços dos ingressos não fossem majorados em excesso, conforme defendeu o guitarrista Stone Gossard durante uma sessão de investigação no Congresso dos EUA, em um subcomitê que investigava a empresa por práticas de truste.

Ao contrário do imaginado, a banda não foi acompanhada por grandes artistas, que seguiram comparecendo aos eventos da corporação, eventualmente minando o esforço não somente do Pearl Jam, mas também do canadense Neil Young, um dos grandes parceiros da banda e ídolo.

Eventualmente a banda retomou seus negócios com a Ticketmaster sob a alegação de dar mais praticidade para os fãs, que vinham reclamando da dificuldade em conseguir entradas e de comparecer aos poucos shows que a banda fazia anualmente devido às restrições de mercado.

Além de lutar por ingressos mais baratos e contra as práticas que consideravam abusivas, contribuíram para os flagelados da guerra do Kosovo, que atingiu em cheio a Europa oriental no fim dos anos 90, destinando os fundos arrecadados com a versão de Last Kiss, cover lançado em No Boundaries: A Benefit for the Kosovar Refugees, uma coletânea lançada em 1999.

Além disso, a banda já se engajou em outras causas maiores, como a crítica ferrenha ao governo Bush, nos EUA, com direito a sátiras e máscaras empaladas do ex-presidente no palco, criticou duramente o momento de falta de liberdade e excesso de paranoia vivida pelo país após os atentados de 11 de setembro, lutam por direitos humanos e foram apoiadores abertos de Barack Obama para a Casa Branca.

Durante a apresentação de São Paulo, no dia 14, sábado, Vedder leu um longo texto e fez várias menções aos atentados que deixaram 128 mortos e mais algumas centenas de feridos na capital francesa na sexta-feira (13).

Contudo a história da banda não é recheada apenas de flores. Em 2000, logo no fim da turnê europeia de Binaural, a banda passou por uma tragédia no Festival de Roskilde. Em uma movimentação intensa para s aproximar do palco, vários fãs foram pisoteados e esmagados contra a grade. Nove pessoas morreram e vários ficaram feridos, fato que marcou a banda para sempre (depoimentos emocionados podem ser vistos no documentário PJ20, de 2011, que conta a história dos 20 anos da banda).

Uma nota ao leitores

Eu estive presente no show de Porto Alegre em 11de novembro de 2011, dia do aniversário da esposa de Vedder (mesma data do show de POA este ano, coincidentemente ou não). Em um dado momento ao perceber a presença de crianças na parte da frente da plateia, Vedder pediu para que todos dessem três passos para trás, para que os eventos da Dinamarca não voltassem a ocorrer (parece que ele faz isso sempre nos shows). Não satisfeito, pediu para que cadeiras fossem providenciadas e algumas crianças terminaram de ver a apresentação no palco, ao lado da banda. Sensacional!

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