BH terá aplicativo para achar ônibus no celular

Danilo Emerich - Hoje em Dia
31/05/2014 às 08:00.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:48
 (Frederico Haikal)

(Frederico Haikal)

Imagine-se em um ponto de ônibus qualquer de Belo Horizonte, mas sem ideia de quando o veículo vai passar. Bastam alguns cliques em um celular para encontrar a localização do coletivo e descobrir quanto tempo resta para o veículo chegar até você. Esse cenário se tornará realidade até o fim do ano, quando a BHTrans pretende lançar o aplicativo gratuito para smartphones do transporte público municipal.

O anúncio foi feito pelo presidente da BHTrans, Ramon Victor Cesar, na abertura do 12º Seminário Meio Ambiente e Cidadania 2014 – Equações para o caos da mobilidade urbana. O evento foi realizado nesta sexta-feira (30), pelo Hoje em Dia, no Cine Theatro Brasil Vallourec, em Belo Horizonte.

Segundo Ramon Victor, o aplicativo usará uma tecnologia de georreferenciamento, semelhante à utilizada nos painéis informativos eletrônicos do Sitbus, já presentes em alguns pontos de ônibus de BH. O software também trará as informações por voz, recurso voltado para pessoas portadoras de deficiência visual.

O aplicativo vai na mesma linha do pensamento do fundador do Catraca Livre, Gilberto Dimenstein, um dos palestrantes do seminário e defensor do uso da tecnologia para a melhoria da mobilidade urbana.

Monitoramento

Outra novidade é que nas próximas duas semanas será inaugurado o Centro de Operações da Prefeitura de Belo Horizonte. O prédio, em fase final de construção, fica dentro da BHTrans, no bairro Buritis, região Oeste.

No local funcionará o Centro de Controle Operacional, que permitirá à BHTrans sincronizar semáforos, monitorar o trânsito, alertar sobre congestionamentos e rotas alternativas, além de agilizar a resposta da polícia e dos bombeiros em caso de acidentes ou obstrução de vias.

Foram R$ 38 milhões investidos no empreendimento, que permitirá gerenciar mais de cem câmeras de trânsito, além de quase 20 painéis informativos.

Faltam recursos para subsidiar tarifas

Uma das principais necessidades discutidas durante o Seminário Meio Ambiente e Cidadania 2014 foi o subsídio da tarifa do transporte coletivo pelo poder público, para melhorar e incentivar o uso dos ônibus.

Para João Luís da Silva Dias, do Instituto Mobilidade Sustentável – Rua Viva, o transporte “não pode ser tratado como bem de mercado”. Ele defendeu uma reforma tributária, na qual as empresas sejam remuneradas com um valor fixo por mês, em vez de controlar diretamente a arrecadação tarifária.

O presidente da BHTrans, Ramon Victor Cesar, por sua vez, afirmou não haver recursos disponíveis da prefeitura para custear o transporte público. Ele apresentou dados do trânsito da capital e criticou o aumento da frota de carros.

Outro tema abordado foi o planejamento falho no trânsito e a necessidade de se pensar alternativas, incluindo a destruição de pistas.

Professor do laboratório Adaptse, da UFMG, Marcelo Guimarães criticou a falta de acessibilidade na cidade e no transporte público e disse que o carro, por si só, não pode ser considerado “o único vilão”. “É uma solução, desde que não haja um uso abusivo, como hoje”, afirmou. Já o membro do grupo BH em Ciclo Guilherme Tampieri defendeu a bicicleta como meio de transporte.

Também participaram das mesas o chefe de gabinete da Agência de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Belo Horizonte, Gustavo Medeiros, e o membro da Revista Piseagrama, Roberto Andrés.

Melhoria efetiva no trânsito, só com mudança de comportamento

Um processo de recuperação urbana, semelhante ao que experimentaram as cidades de Barcelona, Berlim e Bogotá, passa pela discussão sobre mobilidade. É essa a opinião do jornalista Gilberto Dimenstein, idealizador do Catraca Livre e conferencista que abordou o tema Cidades Sustentáveis, Criativas e Educadoras.

“O carro se tornou uma epidemia contemporânea. Portanto, deve ser tratado de tal forma”, disse. Mas, para superar esse problema, há gigantes que devem ser encarados, como as indústrias automobilísticas.

Além de mais investimentos em transporte público de qualidade, Gilberto defende uma mudança no comportamento das pessoas. Carona solidária, por exemplo, é uma forma criativa de minimizar os congestionamentos.

“Hoje, os carros no Brasil têm muita liberdade. Isso não existe em outros lugares do mundo”. Em Londres, por exemplo, já criaram os pedágios urbanos para limitar o uso do automóvel.

“Qualquer projeto eficiente depende de tempo. Mas as autoridades não querem dar continuidade ao trabalho que outros governos começaram. Criam algo novo que também não é levado adiante”.

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