A memória com'Negro Conta' relembra figuras históricas no país

Thiago Pereira
talberto@hojeemdia.com.br
10/01/2018 às 16:27.
Atualizado em 03/11/2021 às 00:41
 (MARIA RITA FONSECA/DIVULGAÇÃO)

(MARIA RITA FONSECA/DIVULGAÇÃO)

A memória da cultura negra como gatilho para a representação cênica. É esta a proposta inicial de “Negro Conta”, em cartaz amanhã no Centro Cultural Banco do Brasil, dentro da programação do Verão Arte Contemporânea (VAC 2018). “A peça propõe resgatar figuras negras importantes; tanto gente que fez parte da história do Brasil, quanto afetividades minhas e da Aruana Zamby, que divide a cena comigo”, diz o ator Evandro Passos.

Se a memória cultural é uma questão problemática no Brasil, quando se focaliza a cultura negra, a invisibilidade ganha contornos radicais. A proposta de “negro Conta” é, a partir de seu inteligente título– que se refere tanto à forma como a narrativa é assumida, quanto à importância destes narradores– trazer à tona personalidades negras desconhecidas do grande público. “É uma situação vergonhosa em alguns casos, como o da Virgínia Bicudo (socióloga e psicanalista brasileira), a primeira não médica a ser reconhecida como psicanalista (que foi fundamental a para institucionalização da psicanálise no Brasil). São pessoas importantes, mas que são esquecidas na sociedade brasileira, lapsos de memória que dizem desta invisibilidade do negro”, diz o ator.

HISTÓRIA

Com direção de Epaminondas Reis e dramaturgia de Francisco Falabella Rocha, o espetáculo é dividida em vários blocos, e apresenta em cada cena um resgate de uma figura negra marcante, elencando nomes como Zezé Mota, e Pixinguinha, em torno de múltiplas narrativas memoriais acionadas pelos protagonistas Sergião e Betina.

Depois de 30 anos, eles se encontram na boate Máscara Negra, histórico ponto de encontro da cultura negra de uma Belo Horizonte, que assistia “a negros sendo capturados e tendo seus cabelos black power sendo cortados, na marra, nas ruas”, como diz Passos.

Ali, abrem o baú de histórias e de lembranças que cambiam o notório, como os nomes citados anteriormente, e o pessoal, como os personagens que povoavam a infância do ator em Diamantina, o que também garante certa leveza e afetos necessários que a história merece. “A gente teve o cuidado de não querer ficar levantando bandeiras; tentamos trazer essas questões com sutilezas, humor, mas sempre puxando para a reflexão”, diz o ator.

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