A vez do mangá

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
29/03/2017 às 19:30.
Atualizado em 15/11/2021 às 13:56

Fã de mangás desde os 11 anos, o arquiteto Henrique Suarez aposta numa invasão da cultura japonesa nos próximos anos, a partir do lançamento de “A Vigilante do Amanhã – Ghost in the Shell”. O filme protagonizado por Scarlett Johansson entra em cartaz hoje com a missão de levar para a telona as discussões futuristas que o mangá original promoveu, tornando-se um dos precursores da literatura cyberpunk. “Acho que a moda dos zumbis já passou. Oportunidade para voltarem com o tema do apocalipse das máquinas, que está mais atual do que nunca, especialmente quando o mangá aborda um universo em que cérebros de homens são transportados para máquinas. Com isso, eles passam a ter as habilidades das máquinas e, ao mesmo tempo, uma inteligência artificial, tornando-se indistinguíveis”, registra. Essa ideia do que é humano e do que é máquina norteia a história, quando Major (Scarlett, que virou uma espécie de musa da ficção científica) tem a própria mente, preservada após um acidente, instalada num corpo artificial. Ela se torna parte de um projeto de uma poderosa empresa de robótica, com a capacidade de entrar em redes virtuais e no cérebro das pessoas, já que muitos usam implantes que os conectam a tudo. Ela passa a trabalhar para um grupo chamado Seção 9, com a missão de evitar ataques de ciberterroristas. A busca de informações sobre a própria origem é a base do filme dirigido por Rupert Sanders, que tem no elenco também a francesa Juliette Binoche, a romena Anamaria Marinca e o japonês Takeshi Kitano. Henrique lembra que, no mangá original, o autor (Masamune Shirow) não entra nesta questão. “O mangá mostra a fundação da Seção 9 e as suas missões, mas buscando principalmente discutir o fato de a máquina conseguir um nível de evolução que pode ser indistinguível de um ser humano transplantado. As máquinas podem replicar consciência através da internet”, observa o arquiteto, que tem cerca de 200 mangás na estante, incluindo a edição especial de “Ghost in the Shell” em português. A edição foi lançada em dezembro passado, no Comic Con, em São Paulo, e é a primeira com a mais recente atualização feita por Shirow. “No Japão, vira e mexe os autores criam uma versão nova das obras deles. Com ‘Ghost in the Shell’ foi assim. Shirow mudou o formato, cortou três páginas e fez nova coloração. Essa edição brasileira agora servirá de referência para o resto do mundo”, explica. Histórias contínuasOriginalmente apresentada no fim dos anos 80, “Ghost in the Shell” nunca tinha recebido tradução em português. “A gente lia em versões pirata na internet ou a edição inglesa”, salienta Henrique, que passou a gostar de mangás por causa do longo arco dramático. “Diferentemente das HQs americanas, que têm histórias fechadas, o mangá é mais contínuo, desenvolvendo-se do primeiro ao último volume”, compara.  Outros fatores de atração são o retrato da cultura oriental, a complexidade das tramas, já que muitas delas são voltadas para o público adulto, e também a qualidade dos desenhos. No Brasil, após um início em que se lançavam mangás em formato menor, em papel diferente, as editoras estão investindo mais, sendo o mais fiel possível ao material original. Em breve, simultaneamente com o Japão, o país irá lançar o databook de “Ghost in the Shell”, um guia dos personagens.  N/A / N/A

     

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