Afonso Borges lança seu primeiro livro infantil ao lado de Miriam Leitão

Lançamento ocorre nesta segunda-feira (5/12)

Vanessa Perroni
vperroni@hojeemdia.com.br
05/12/2016 às 12:59.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:57

Um livro para crianças que propõe uma reflexão sobre “escolhas”. Esse é o cerne da obra “O Menino, o Assovio e a Encruzilhada” (Sesi–SP Editora, 28 páginas, R$ 24,90), que marca a estreia na literatura infantil do escritor e idealizador do projeto “Sempre Um Papo” Afonso Borges. 

O livro – que será lançada hoje, às 18h, na livraria Leitura do Pátio Savassi, às 18h – conta a história de um menino que desde cedo reflete, frente a uma encruzilhada, qual caminho deve seguir. Mas com um diferencial: ele tem um dom! “As escolhas apavoram sempre. O que tento mostrar é que todos temos um dom, seja qual for, para superar os desafios e influenciar as decisões”, comenta o autor. “É preciso seguir em frente, sempre. De preferência, ouvindo a intuição”, acrescenta.

Na história, o garoto tem três caminhos possíveis, e acaba escolhendo o que lhe dá mais medo. “Minha intenção é questionar as escolhas confortáveis. O medo faz parte do jogo. Se não for enfrentado, nunca será vencido”, esclarece Borges, que confessa um certo tom autobiográfico na obra. 

Para falar de um tema que pode ser inquietante para muitas pessoas, ele lança mão de metáforas e sinestesia, que conferem leveza à narrativa. Assim como a ilustração do paulista Alexandre Rampazo, que proporciona uma leitura à parte.

Borges divide a noite de autógrafos com a escritora e jornalista Miriam Leitão, que lança seu quarto livro infantil, “O Estranho Caso do Sono Perdido” (Rocco, 36 páginas, R$ 34,50). A autora narra a aventura de uma menina e sua avó pelo mundo dos sonos.

 Confira a entrevista com o autor:


Como foi se aventurar no universo da literatura infantil? Era um desejo antigo?
Sim. Tenho três filhas. Sempre inventei histórias para elas, no escuro, como forma de fazê-las dormir. Aí desenvolvi uma facilidade imensa de contar histórias. A maioria bem maluca, surrealista, sem nexo. Mas algumas, como esta do menino, são quase autobiográficas. ​​

Qual o maior desafio em escrever uma história voltada a esse público?
É uma grande aventura porque é um mercado com milhões de histórias, a maioria muito boa. Como se diferenciar e fazer com que as crianças leiam o seu texto? É um grande desafio. Além disso, acertar o tema. O que as crianças estão pensando e o que pode tocá-las? É bem difícil.​ 

No final o menino escolhe o caminho que lhe dava medo. Isso tem haver com a ideia de que as coisas mais almejadas estão do outro lado do medo? Do caminho que nos tira da zona de conforto?  
Nem sempre. A maioria das pessoas escolhem o caminho que lhes dá mais conforto e segurança. Minha intenção é exatamente esta: questionar as escolhas confortáveis. O medo faz parte do jogo - se não for enfrentado, nunca será vencido. Por isso, o menino se joga no desafio. É meio autobiográfico, mesmo... 

Quais foram as escolhas mais difíceis na sua caminhada?
Olhando para trás, vejo que as mais difíceis foram tomadas com mais facilidade, por incrível que pareça. Fazer um projeto com entrada franca, durante 30 anos, e praticamente abandonara a carreira de jornalista​, por exemplo, só percebi depois que passou. Hoje, tento recuperar alguns pedaços que ficaram pela estrada. Por isso, ano que vem, em março, publico meu primeiro livro de contos, "Olhos de Carvão", pela Record. 

Pretende lançar outros títulos infantis?
Sim. Tenho dezenas de histórias guardadas por aqui. É só sentar e escrever. Outro dia mesmo contei uma para a minha primeira leitora, a Manuela. E ela que aprova o texto. ​

  

Entrevista cedida por Miriam Leitão a edito“O Estranho Caso do Sono Perdido”. Confira:

 Reprodução 

 Como surgiu a vontade de contar histórias para crianças em meio à atribulada rotina de jornalista? E de que forma a Míriam Leitão jornalista e comentarista de economia e a autora de livros infantis convivem no dia a dia?
Eu sempre sonhei com isso, mas a grande inspiração veio na chegada dos netos. Eu fui criança leitora, por isso a minha formação é marcada pelas histórias infan- tis e o enorme prazer que eu tive ao ler esses livros. Na minha vida cheia de assuntos ásperos, que me obrigam a atravessar documentos muito técnicos, a literatura in- fantil tem sido um oásis, um momento lúdico.

O estranho caso do sono perdido é o seu quarto livro infantil. De onde veio a ideia para a história da neta que quer ajudar a avó a reaprender a dormir?
De um diálogo com Mariana, minha neta mais velha. Ela na época tinha sete anos e de fato me fez a pergunta que está no livro. E isso foi o gatilho para o processo criativo que me levou a criar esse mundo imaginário onde os sonos moram.

As relações familiares estão muito presentes em sua obra infantil, como em A menina de nome enfeitado, protagonizado por uma menina e sua tia, Flávia e o bolo de chocolate, que aborda a relação mão e filha, e agora em O estranho caso do sono perdido, que se passa com uma avó e sua neta. Você acredita que a literatura e o hábito da leitura podem ajudar a fortalecer os vínculos familiares e afetivos entre diferentes gerações?
Sim, estou convencida de que a literatura infantil ajuda a fortalecer os laços familiares. Ler para um filho, um sobrinho, um neto é um enorme prazer para quem lê e para quem ouve. Além disso, é na infância que se cria o hábito da leitura. A literatura infantil é a mãe de toda a literatura. Eu sei o que os livros infantis fizeram por mim, por isso sempre li para meus irmãos mais novos, filhos, sobrinhos e, hoje, leio para os netos.

O que esse mergulho na literatura infantil trouxe de mais desafiador e de mais gratificante para a sua vida?
É muito difícil escrever para crianças. Eu dou cada passo com muito cuidado. O meu medo a cada livro é de não conseguir estabelecer contato com a criança e ela não gostar da obra. Por isso eu trabalho cada de- talhe cuidadosa e carinhosamente. Tenho tido muitas alegrias com os livros quando percebo que a história chegou ao coração da criança. Uma vez uma menina, moradora de São Gonçalo, resumiu o Flávia e o bolo de chocolate com uma frase brilhante: “Todo mundo é da cor da pele”. Uma vez, num lançamento em São Paulo, uma menina me disse: “Já li seu livro umas mil vezes e até sei de cor um pedaço: chuva, galinha, galocha, chá”, falando do A menina de nome enfeitado. O livro A perigosa vida dos passarinhos pequenos permitiu que crianças de uma escola de São Paulo fizessem trabalhos lindos. Enfim, sou uma autora feliz, mas cada livro é um desafio novo.

Qual foi seu livro ou autor preferido quando era criança, aquele que marcou definitivamente a sua infância?
Muitos. Li muito Monteiro Lobato. As histórias clássicas. Os livros de Laura Ingalls Wilder foram uma deliciosa descoberta. As aventuras do Barão de Mun- chausen ajudaram a pavimentar o caminho da minha imaginação. Tem até um livro perdido, que está na mi- nha memória, mas que não me lembro do nome nem do autor, mas sei a história inteira. É uma aventura cheia de bichos.

Há algum assunto em especial que pense em abordar num próximo livro infantil?
O próximo está quase pronto. É de novo em ambien- te rural, onde quatro primos vivem uma aventura na fazenda dos avós. Tenho tentado sempre abordar temas diferentes em cada livro, mas com a preocupação pri- meira de que os livros sejam divertidos.

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