Alice Caymmi, Baby e Pepeu e Paralamas agitam o palco Sunset

Estadão Conteúdo
20/09/2015 às 21:51.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:48
 (Tasso Marcelo/AFP)

(Tasso Marcelo/AFP)

Talvez não tenha sido tão pensado pela produção, mas um show dos Paralamas do Sucesso em um palco do Rock in Rio para comemorar 30 anos de festival tem um simbolismo gigante, que supera a efeméride. Algo que pode ter mais a dizer do que o próprio Queen com Adam Lambert ou do que diria o AC/DC se tivesse aceitado o convite do empresário Roberto Medina. As histórias de Paralamas e Rock in Rio, mais do que qualquer outra banda que já pisou nestas terras de Jacarepaguá, começam e caminham juntas, com vitórias e derrotas, desde a lama de 1985, quando Herbert Vianna e Rock in Rio eram ainda duas incógnitas.


Herbert não é mais o mesmo em muitos sentidos e, milagrosamente, o mesmo em outros. Seu solo de guitarra em Caleidoscópio, por exemplo, segue com seu poder incendiário juvenil que, não raro, é abafado pela serenidade dos cinquentões. Sua voz em Meu Erro e em várias outras ganha um vibrato lento no grave. O homem que saía do anonimato diante das 250 mil pessoas em 1985 tinha peito para puxar as orelhas dos fãs que haviam acabado de vaiar amigos seus apenas por não serem do metal.


O mesmo Herbert de agora, um sobrevivente que teve de se reconstruir por dentro e por fora depois de perder a mulher e parte de seus movimentos físicos em um acidente em 2001. Noites como a de ontem dizem a ele que tudo valeu a pena. Sua primeira música, ao lado do baixista Bi Ribeiro e do baterista João Barone, foi "Vital e Sua Moto", com o solo intacto e raivoso. Herbert tem o magnetismo que faz os fãs ficarem


com ele até o fim. Escolheu depois fazer "Inútil", do Ultraje a Rigor, talvez pelo grau de atualidade de sua letra. "A gente não sabemos escolher presidente...", começa assim. E seguiu com "O Calibre" e "Cuide Bem do seu Amor". O show dos paralamas no palco Sunset foi às 19h deste domingo (20).


EMOÇÃO NO REENCONTRO


O reencontro de Pepeu Gomes e Baby do Brasil, 27 anos depois, foi icônico e histórico. Show daqueles que devem (e vão, certamente) entrar na história já trintona do festival. Pepeu até chorou. Mas os discos do Novos Baianos já estavam aí para mostrar quão explosiva a mistura dos dois pode ser. O outro show do domingo (20), Alice Caymmi e Eumir Deodato, não saiu da caixinha, por mais que alguns anos de diferença os separem. Era um encontro que poderia acontecer num próximo álbum dela. E ninguém ficaria surpreso com isso.


TUDO AO MESMO TEMPO, AGORA


A reportagem presenciou uma discussão, que quase acabou em agressão física, entre um homem e uma mulher, ambos tentando deixar o Sunset e ir em direção ao Palco Mundo, para assistir aos Paralamas do Sucesso. Os dois não perceberam que dois corpos não conseguem ocupar o mesmo espaço e quase que uma tragédia se desenhou. A geografia da Cidade do Rock não comporta um deslocamento em massa dessa natureza. Por volta das 20h, leva-se, com sorte, meia hora para se atravessar de um lado para o outro.

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