América latina invade séries e encanta o mundo

Jéssica Malta
jcouto@hojeemdia.com.br
07/07/2017 às 19:08.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:26
 (Netflix/Divulgação)

(Netflix/Divulgação)

Os latinos estão cada vez mais presentes nos seriados norte-americanos. Ao rolar pelo catálogo da Netflix, por exemplo, é impossível não se deparar com uma infinidade de opções, que vão desde narrativas sobre narcotraficantes até produções de ficção-científica.

Para Reynaldo Maximiano, pesquisador de telenovelas e professor de jornalismo da UNA, a presença de personagens tão segmentados tem uma relação com os próprios meios de massa. “Essas séries ocupam uma lacuna existente em outros sistemas de mídia”, aponta ele, destacando o protagonismo dado a temáticas ou personagens que, tradicionalmente em produções audiovisuais, seriam relegados a papéis secundários. “Nas novelas, por exemplo, os dramas amorosos são sempre entre um casal branco e heterossexual. Nas séries o que a gente vê é diferente”.

O pesquisador aponta que a nova lógica, impulsionada principalmente pelas plataformas de streaming, também reforça uma produção mais voltada para nichos. “Há demandas para temas muito específicos, o que explica o sucesso de ‘Orange Is The New Black’ou o sucesso de uma série em que a temática é o suicídio”, exemplifica Maximiano.

Narcoseries

A temática do narcotráfico se destaca como um tipo de produção que ganhou até uma chancela própria: narcoseries. Ela abriga uma quantidade notável de protagonistas latinos e tem se mostrado uma favorita da audiência. Prova recente disso é “Narcos”, estrelada pelo brasileiro Wagner Moura. A produção foi, ao lado de “Stranger Things”, uma das responsáveis por alavancar as receitas da Netflix em 2016.

Para comprovar que o “amor bandido” tem um apelo forte com o público, outras produções ambientadas no mesmo universo ganham destaque: “El Chapo”, parceria entre a Neflix e a Univision e “Queen of The South”, que tem a brasileira Alice Braga na pele de Teresa Mendoza, uma mexicana que busca se tornar chefe do narcotráfico após o assassinato de seu namorado.

Assim, o tema do narcotráfico vem conquistando espectadores por todo o mundo. “Essas produções compartilham temas como corrupção e narcotráfico, o que é muito familiar para todos, especialmente para latino-americanos”, destaca Maximiano. No caso do Brasil, os anti-heroís, personagens característicos destas histórias, também são fatores importantes para a conexão com o público. “Nos identificamos com eles porque temos uma certa maleabilidade”, aponta ele, referindo-se ao conhecido “jeitinho brasileiro”.

Mas, apesar de certa romantização do delito, o pesquisador sublinha o maniqueísmo didático sempre presente neste formato. “No final dessas séries, o crime nunca compensa”.

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