Amor lésbico em 'Christabel', filme sobre vampiras

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
02/06/2018 às 17:05.
Atualizado em 03/11/2021 às 03:24
 (FELIPE SOUTO MAIOR/CINE PE/DIVULGAÇÃO)

(FELIPE SOUTO MAIOR/CINE PE/DIVULGAÇÃO)

  

RECIFE - Fã de cinema fantástico e ávido por realizar um filme do gênero no Brasil, o diretor carioca Alex Levy-Heller foi buscar na literatura inglesa do século 18 a inspiração para “Christabel”, apresentado na noite de sexta-feira (1º), na sala São Luiz, palco do Cine PE – Festival do Audiovisual.

 “Escrito por S. T. Coleridge, o poema é anterior a Drácula, sendo a primeira história sobre vampiros. Foi polêmico na época do lançamento, pois fala da liberdade da mulher e mostra relações homoafetivas entre duas mulheres. Adaptei a história para o hoje, pois ela continua muito atual, e levei para o cerrado goiano”, registra.

 Apesar das mudanças temporais e geográficas, Levy-Heller ressalta que o filme é muito fiel ao original, “fazendo questão de pôr o poema inteiro”. Como ele não tem tradução no Brasil, o cineasta , estreante em ficção, pesquisou muito na internet, descobrindo muito material, como uma tese de doutorado em espanhol.

 Interpretada por Milla Fernandez, Christabel é a “donzela”, filha de um trabalhador rural que encontra uma estranha mulher ferida próxima de casa. Geraldine (Lorena Castanheira) desestabiliza a frágil harmonia daquela família, principalmente na relação com a tradição patriarcal, e cria um jogo de sedução com Christabel.

 As filmagens duraram apenas duas semanas, com os ensaios sendo determinados para estabelecer o clima de tensão sexual. “Me preocupei em não tornar as cenas entre elas vulgares e ajudou muito termos ensaiado por um mês direto para que pudessem chegar ao set à vontade. O filme é sobre desejos reprimidos e paixões incontroláveis”, afirma.

 Como se trata de um filme de baixo orçamento, feito sem recursos de editais, Levy-Heller também já chegou para as filmagens com o roteiro decupado, sabendo quais planos seriam melhores para a montagem. “Os quadros são mais abertos e não uso plano e contraplano. Queria algo que trouxesse poesia para o cinema”.

 O diretor também contou com a sorte. A locação era lúgubre e recheada de morcegos, animal que remete aos vampiros. “E não aconteceu nenhum imprevisto, sem chuvas durante as filmagens”, relata. Todo mundo se desdobrou, com as atrizes trabalhando também atrás das câmeras, como motoristas, contrarregras e produtoras.

 (*) O repórter viajou a convite da organização do Cine PE

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