Geraldo D’Aquino Noronha faz releituras de pinturas pré-históricas em exposição

Da Redação
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03/07/2016 às 10:59.
Atualizado em 16/11/2021 às 04:09
 (Divulgação)

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Imagine viajar em uma espécie de túnel do tempo cultural, tendo como ponto de partida as representações gráficas que o homem pré-histórico começou a registrar em rochas e cavernas há mais de 40 mil anos. A exposição “Arte Rupestre”, do artista plástico mineiro Geraldo D’Aquino Noronha, a ser inaugurada em 12 de julho no Espaço Cultural João Baptista Brito, em Itajubá, é o passaporte para esta aventura. Após perceber a relevância do que teriam sido as primeiras formas de expressão primitiva do homem para expor as situações vividas cotidianamente, associadas a certos rituais ou crenças mágicas por promover a caça ao mostrar animais como bisontes mamutes e cervos, D’Aquino assumiu o desafio de, por meio da releitura de tais pinturas, revelar esta parte intrínseca da natureza humana.

“Estudava o Universo há muito tempo. Daí voltei o foco para a Terra, para o berço da humanidade, na África, de onde vieram nossos antepassados, e cheguei a 100 mil anos atrás, quando havia vestígios, em cavernas, de petróglifos, algo como raspões feitos na pedra, resultando em uma espécie de sinais”, lembra D’Aquino. 

De acordo com o artista plástico, naquele período histórico ainda não tinham sido descobertos os meios de “produção” de tintas. Mas com o passar do tempo, nossos ancestrais descobriram como extrapolar o simbolismo, aumentando o poder da expressão por meio do uso de carvão vegetal, sangue de animais, minerais e vários fluídos.  As cores mais utilizadas pelo homem pré-histórico eram o preto, o vermelho, o amarelo e o ocre.

 “Já experimentei algumas técnicas da época. Uma delas era passar a clara do ovo no local em questão, soprar, com auxílio de um bambu, o carvão mineral moído, raspas de tijolo e até mesmo pó de pedra”, conta o artista plástico. Assim eram gravadas figuras na pedra, como a da palma da mão, por exemplo.Divulgação / N/A

Releituras de obra pré-histórica poderá ser vista na exposição de Geraldo D’Aquino Noronha

Preservação

Ao lembrar que as pinturas mais antigas em rochas e cavernas foram registradas há 39 mil anos, D’Aquino cita como exemplo de “preservação acidental” as pinturas da Caverna de Chauvet, no Sul da França, consideradas as mais antigas produções artísticas, e descobertas por acaso em 1994. “A caverna foi fechada durante um desabamento, garantindo a preservação das pinturas rupestres. Depois da descoberta, as autoridades proibiram a visitação”.

No Brasil também há sítios tão antigos quando o de Chauvet, como os do Parque Nacional da Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato, e o Parque Nacional Sete Cidades, ambos no Piauí.

Técnica utilizada

D’Aquino revela, reticente, sua técnica nessa proposta de releitura da arte rupestre. Ele diz usar técnica mista sobre tela. E a pintura, frisa ele, só acontece depois que intervenções, praticamente cirúrgicas, conferem a textura desejada. São utilizadas anilinas especiais, que garantem maior fidedignidade às cores registradas de então.

Novas possibilidades

Ampliando as possibilidades, D’Aquino extrapolou as telas e, em uma espécie de “volta às origens”, passou a utilizar também pedras como “pano de fundo” para seu trabalho. O artista conta ter feito e descoberta durante viagem ao rico sítio arqueológico de São Tomé das Letras, também no Sul de Minas. “A pedra de São Tomé tem texturas e cores características, o que beneficia o trabalho”.  O resultado surpreende e encanta.

“Museus da humanidade”

Os primeiros “museus da humanidade”, frisa D’Aquino, são encontrados em várias partes do Brasil e do mundo. Em Minas Gerais, há dois sítios arqueológicos importantes – Lagoa Santa e Peruaçu. No Piauí, o Parque Nacional da Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato, e o Parque Nacional Sete Cidades; na Paraíba, Cariris Velhos; e no Mato Grosso, Rondonópolis. No mundo, os principais sítios ficam na França, Norte da Espanha, Itália, Portugal e Alemanha.

 
SERVIÇO:
Exposição “Arte Rupestre”, com vernissage no dia12 de julho, às 19h30. Mostra segue até 2 de agosto, entre 8h e 17h, no Espaço Cultural João Baptista Brito, na Praça Theodomiro Santiago, Centro, em Itajubá

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