Yara Tupynambá expõe seu olhar sobre a natureza mineira em mostra inédita

Thais Oliveira
taoliveira@hojeemdia.com.br
08/06/2016 às 17:24.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:48
 (Wesley Rodrigues)

(Wesley Rodrigues)

Definitivamente Yara Tupynambá não aparenta ter 84 anos. Em entrevista para apresentar a exposição inédita “Yara Tupynambá – Pintando a Natureza”, na Casa Fiat de Cultura, a artista plástica esbanjou vitalidade ao falar por horas com os jornalistas, apontar os detalhes das obras e ainda plantar uma árvore. Apenas uma “pitada” da força de Yara.

Para desenvolver o trabalho, ela realizou uma ampla pesquisa in loco, muitas vezes abrindo mão até do mínimo de conforto. Yara passou pela Estação Ecológica do Tripuí, Parque Estadual do Rio Doce, Parque Nacional da Serra do Cipó e Inhotim. Cada viagem durou mais de uma semana e houve casos em que ela dormiu em beliche e até cozinhou para a equipe inteira que a acompanhava. Mesmo assim, ela não descarta novas empreitadas. A força, diz, vem da paixão pela arte. “O artista só trabalha com aquilo que toca o coração”, afirma. “Isso é uma obsessão e eu não me acomodo. Não fico só no ateliê. Ando muito”. 

O resultado de parte dessas andanças pode ser conferido na mostra, entre 14 de junho e 24 de julho. A exposição é um brinde aos 60 anos de carreira e traz, inclusive, uma sala com a trajetória da artista. Ao todo, 48 quadros foram selecionados para a mostra, que é bem onírica. 

Ela começa a explicação pela série “Rio Doce”. Segundo Yara, lá, a mata é mais fechada e, por isso, quem a visita precisa ter certa intimidade com o ambiente. “No passado, ia para a fazenda do meu avô, em Itaúna. Foi esse contato que me fez ter uma percepção para chegar ao resultado (dessas obras)”, argumenta.


“Jardim de Deus”
A primeira viagem que fez para a exposição, contudo, foi para o Vale do Tripuí, há mais de 10 anos. Lá, a artista diz ter encontrado uma mata mais “rala”. “Tem muitas flores, ao contrário da floresta do Rio Doce”, detalha. 

Porém, o colorido botânico se fez mais evidente em meio à natureza da Serra do Cipó. “É o ‘jardim de Deus’, como disse (o paisagista) Burle Marx. Há uma variedade de flores. É deslumbrante e as plantas nascem entre as pedras”. 

A “caminhada” de Yara termina em Inhotim. “Tive mais coragem de fazer interferências (pegar elementos do mesmo ecossistema e uní-los num mesmo quadro) nas obras do Instituto. Acho que é porque já estava mais experiente nisso”, brinca.

Desenhos
A exposição conta ainda com uma série de nove desenhos em carvão sobre papel, que representam paisagens urbanas com foco na comunidade da Barragem Santa Lúcia. A ligação com o restante da mostra, segundo Yara, está num dos fundamentos da arte. “Quero mostrar que o desenho é a base para todo artista. Sem o desenho não há pintura”, arremata.

Serviço:
Exposição “Yara Tupynambá – Pintando a Natureza”. De 14/6 a 24/7, na Casa Fiat de Cultura (Praça da Liberdade, 10). Gratuito

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