As ‘aventuras’ nada incomuns da atriz Maria Ribeiro no livro "Trinta e oito e meio"

Elemara Duarte - Hoje em Dia
20/02/2015 às 08:53.
Atualizado em 18/11/2021 às 06:05
 (arquivo hoje em dia/pedro paulo figueiredo/25.01.2012)

(arquivo hoje em dia/pedro paulo figueiredo/25.01.2012)

A expressão “minha vida daria um livro” não serve para toda pessoa que pisa sobre este planeta. E quando alguns livros com tal pretensão caem na mão da gente, isso fica evidente. É o caso dos textos de “Trinta e Oito e Meio” (168 páginas, Língua Geral Livros, R$ 35), de Maria Ribeiro. Ela é a atriz que interpreta a vilã “Danielle”, na novela “Império”, das 21h, na Rede Globo, e uma das apresentadoras do programa “Saia Justa”, do GNT.

A publicação bonitinha, em tamanho “de bolso”, traz ilustrações delicadas e melancólicas de Rita Wainer, artista plástica paulista que tem vivências como estilista. Até aí, tudo vai bem no livro, mas quando chega no conteúdo...

E alguém diz aqui ao pé do ouvido que o livro é mais uma faceta do universo “fofo”. Este mesmo que toma conta das redes sociais, dos CDs e, agora, da literatura. Enfim, o “fofismo” está no ar.

“Eu, nua”. Esse é o primeiro texto. Nele, a autora fala da “primeira vez” dela. Ela conta que arrumou um namorado, se apaixonou e rolou. Como perguntaria um chefe nosso aqui da redação: “Novidades?” Nenhuma, leitor!

O segundo texto é “Tudo diferente ou anti-MST”. O desabafo de uma mulher de 34 anos (hoje a atriz está com 39). Dentre as preocupações da autora estão: “Pra começar, quero chegar aos 40 mais conformada, e assumir, por exemplo, minha derrota perante o cinema japonês. Eu tentei, juro. Meu ex-marido me levou por anos na cinemateca do MAM pra ver Ozu e Kurosawa...”

Avancemos. Em “A mão do tempo”, memórias. São mostradas as vezes que a autora se apaixonou. Na escola, no show do A-ha, depois, na faculdade. Novidades? A vida de quem vai mudar após saber disso?

Tantas vidas turbulentas, tortas, emocionantes, sofridas por aí, que dariam livros, no mínimo, curiosos. Tipo a história do traficante carioca “Playboy” que roubou 193 motos apreendidas em blitze e, recentemente, mandou devolver 97. Ou a vida dos homens comuns que viram mártires, heróis, covardes.

Então, chega um livro com “egotrips” (aprenda, leitor amigo, são textos que mostram uma “viagem” à própria intimidade). E a gente espera alguma visão diferente, que nos tire do atoleiro do senso comum, mas só vemos amenidades. (Jornalista bocuda! É a vida da moça e para ela é importante! Disse bem: É importante “para ela”.)

A autora diz que não gosta de praia. Mais adiante, diz que não gosta de mato. E levanta a bola de Los Hermanos, banda que ouviu pela primeira vez quando estudava comunicação na PUC do Rio. No ano passado, Maria Ribeiro lançou um documentário sobre o grupo. Tá, e daí?

Está comprovado! A vida de muita gente até dá um livro. Mesmo que um livro chatinho. Mas, tudo bem, "o que vale é a intenção" e "a vida é tentativa e erro" e, desça mais um ditado motivacional, garçom, por favor!

Afinal, até mesmo a autora reconhece em um de seus textos: "Porque eu não sou a gênia que meu pai previu. (...) Porque eu quero fazer tudo diferente. Pra depois, talvez, sem perceber, acabar fazendo tudo igual".

Fofuras e draminhas à parte, parece que no livro, a autora esqueceu de crescer.

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