Ato a favor da liberdade de expressão marca o lançamento da Frente Nacional Contra a Censura em BH

Paula Bicalho
pbicalho@hojeemdia.com.br
21/11/2017 às 21:06.
Atualizado em 02/11/2021 às 23:49
 (Maurício Vieira/Hoje em Dia)

(Maurício Vieira/Hoje em Dia)

O Palácio das Artes sediou, no início da noite desta terça-feira (21), o lançamento da Frente Nacional Contra a Censura (FNCC), movimento que surgiu depois que exposições e atividades artísticas sofreram intervenções e muitas críticas relacionadas ao seu conteúdo. 

O ato reuniu artistas, produtores, movimentos populares e agentes culturais da cidade, como Flávio Renegado, Marina Machado, o presidente da Fundação Municipal de Cultura - Juca Ferreira, o Secretrário de Cultura de Minas Gerais - Angelo Osvaldo, a presidente do Sindicato dos Jornalistas - Alessandra Melo, o presidente da Fundação Clóvis Salgado - Augusto Nunes-Filho, entre outros. 

"O lançamento da Frente é um ato simbólico de grande expressão porque sintetiza toda a força cultural de Minas em favor da liberdade de manifestações artísticas e do direito pleno à cultura", comentou Angelo Oswaldo, Secretário de Estado de Cultura de Minas Gerais. 

Para o presidente da Fundação Municipal de Cultura, Juca Ferreira, a FNCC é um movimento importantíssimo. "Primeiro porque é uma luta contra a censura, e não se pode deixar, em hipótese nenhuma, que ela se restabeleça no Brasil. Segundo, porque é uma oportunidade de Minas acender essa luta no país inteiro, o que, inclusive, já está acontecendo". 

Juca acredita que é um movimento para projeção do futuro. "Na medida em que cresce esse movimeento, temos que lutar mais ainda pela liberdade de expressão, pela democracia e pelo restabelecimento do processo democratico", completa. 

O rapper Flávio Renegado destacou o fato da cultura estar, mais uma vez, encabeçando movimentos sociais. "Não se pode negar a importância da arte e da cultura que tem feito esse movimento ganhar força em todo o Brasil. Pensar em censura é um retrocesso, uma coisa de metade do século passado e não dá pra ficar nesse pensamento mais", explica.  

"Apoiar a censura é abrir a porta novamente para a ditadura e outros pensamentos de retrocesso. Estamos aqui para avançar sempre. A cultura está e vai continuar se posicionando até o final", afirma o cantor.

O diretor, ator e produtor do Grupo Teatral Leela, Munish, é um dos coordenadores da FNCC e acredita que o movimento ganhou tanta adesão porque ninguém quer ser censurado. "A censura mata a capacidade da pessoa de refletir, de se expressar, de mostrar a sua forma artistica perante o mundo". 

Segundo ele, as pessoas estão confundindo censura com classificação indicativa de faixa etária. "A indicação de faixa etária é algo previsto e tem que estar em todas as galerias, cinemas, shows, entre outros. Já a censura é quando você proibe o outro de dizer aquilo que ele quer expressar. Quem quer ser proibido de dizer o que pensa e sente? Ainda mais para o artista que é um contraventor por natureza, isso não pode acontecer", comenta. 

Para Carlos Linhares, músico, poeta, ator, intregrante do Grupo Nem Secos e outro membro do FNCC, algumas questões estéticas e comportamentais discutidas hoje já eram para estar superadas. "A gente tinha que ter conquistado muito espaço nessa questão de poder se expressar e agora houve esse retrocesso, essas ideias falso moralistas, que querem cercear o trabalho do artista, impedir formas de expressão e dizer o que é arte ou não, algo dificil de definir por sí só". 

Apoio nacional

A Frente Nacional Contra a Cansura ganhou também o apoio de vários artistas de todas as partes do país, como Caetano Veloso, Chico Buarque, Otto, Maurício Tizumba, Pedro Morais, os atores Bemvindo Siqueira e Débora Falabella, entre outros.

Caetano Veloso, por exemplo, convocou nas redes sociais as pessoas a participarem do ato contra a censura no Palácio das Artes nesta terça. 

No vídeo oficial da campanha, Chico Buarque fala que é necessário que "artistas e brasileiros esclarecidos em geral se manifestem enquanto é tempo contra a escalada de movimentos que se dizem conservadores, mas na verdade se valem de práticas violentas nas ruas e nas redes sociais contra a liberdade de expressão". 

"Eu vivi toda a minha juventude debaixo da censura da ditadura militar e não posso admitir que ela volte", disse Bemvindo Siqueira. 

Confira o vídeo completo da FNCC: 

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