Dar vida ao solo “Mamãe” não foi das tarefas mais fáceis para o ator carioca Álamo Facó. A montagem, que ele traz para Belo Horizonte neste fim de semana, surgiu da necessidade de tocar em um assunto relevante, despertado pelo sentimento da dor ao perder a mãe, a arquiteta Marpe Facó, em 2010.
Vítima de um câncer no cérebro, ela faleceu apenas 100 dias após o diagnóstico. “Quando vivi algo tão relevante e tão comum a todos, como a morte de um ente querido, senti uma enorme necessidade de falar sobre como lidamos com o doente terminal e as limitações da medicina clássica”, elucida.
O texto foi escrito ainda quando acompanhava sua mãe no hospital, e percebeu que ela perdia as faculdades mentais. “Ela entrou em coma. Não comia, falava ou se movia. Vi que esse estado poderia promover uma expansão da consciência”, comenta o ator, que criou uma cena para dar voz aos pensamentos de Marpe, que na peça ganha o nome de Marta. “É a cena que mais gosto de fazer. Onde a montagem ganha fôlego”, garante.
Estética
Apesar de baseada em sua vida pessoal, Álamo diz que a peça fala para várias pessoas. “Sempre priorizei o encontro com o espectador. Sabia que a história de minha mãe teria que ser a história de cada um que entra no teatro”, relata o ator, que divide a direção da peça com César Augusto.
Tudo acontece no palco sem sentimentalismos. “É um trabalho pró vida. Tem momentos pesados, mas também é cheio de humor, pensamentos e gritos para a humanidade”, pontua.
Para dar esse tom, Álamo garante que o trabalho guarda viradas dignas de um roteiro de cinema americano da década de 1990. “A estética da peça é mais para o pop, do que os tons pasteis de um hospital. Trago a minha referências”, registra.
Serviço: “Mamãe”. Teatro de Bolso Sesiminas (rua Padre Marinho, 60, Santa Efigênia). Hoje, às 21h; amanhã e domingo, às 19h. Ingresso: R$ 40 e R$ 20 (meia). Na sessão de sábado, haverá tradução de libras