Autor assume a curadoria do Café Literário da Bienal do Livro de Minas

Patrícia Cassese - Hoje em Dia
04/10/2014 às 13:49.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:28
 (Jorge Bispo)

(Jorge Bispo)

"A minha Paris foi Belo Horizonte”, diz João Paulo Cuenca. À guisa de explicação: o escritor carioca (nascido em 1978) refere-se à aura literária que sempre esteve intrinsecamente amalgamada à capital francesa. Mas, no lugar de cruzar o Atlântico, a imaginação de um dos nomes mais saudados da nova geração de escritores (sim, você sabe, ele entrou na já famosa lista da revista britânica “Granta”, feita em 2012, e alusiva aos 20 melhores jovens escritores brasileiros) foi buscar subsídios nas palavras dispersas por Fernando Sabino no icônico “Encontro Marcado”. “Qual é mesmo o nome daquele viaduto?”, indaga o autor, que volta a Sabino para acrescentar que o escritor involuntariamente o ajudou a encontrar “palavras para sentimentos que não conseguia traduzir”.

A reverência a um dos quatro célebres cavaleiros vem no bojo da entrevista motivada pelo fato de Cuenca ser o nome por trás da curadoria do “Café Literário” da Bienal do Livro, que acontece de 14 a 23 de novembro, em Belo Horizonte (no Expominas). Não é a primeira vez que assume desafio similar: ano passado, encarou o mesmo posto, na Bienal do Livro da Bahia. Nos dois casos, uma diretriz: promover misturas, mas, claro, agora jogando holofotes sobre a produção dos escritores nascidos (ou criados) entre as montanhas do Estado. Não é um trabalho simples. “É meio como um Lego, tem que ficar encaixando. Muitas vezes as agendas não batem, mesmo porque, hoje, são vários, os eventos literários no país”. Nada que o desanime. “Na verdade, considero um prêmio, tenho o maior orgulho em fazer este trabalho”, frisa.

“A morte de J.P Cuenca”
 
A qualidade literária, claro, será um filtro. Mas a meta é mesmo colocar o livro em relevo. “Tem que ser uma experiência que realmente não se encerre ali. As discussões podem, claro, incluir pautas da atualidade, como o panorama político, mas o protagonista é o livro. Queremos que as pessoas saiam com mais cultura, e, claro, com um livro em mãos”, diz ele, que anda às voltas com a tarefa de colocar um ponto final no novo romance, que levará a chancela da Companhia das Letras. A trama baseia-se em um fato real. Em 2008, Cuenca descobriu que um homem que havia morrido no bairro da Lapa foi identificado com o seu nome. 008, no bairro da Lapa. Instigante, perscrutou inquéritos policiais, contratou um detetive... “Virou uma historia grande”. A ponto, inclusive, de se transmutar também em filme, este já titulado: “A Morte de J.P. Cuenca”.

Antes de se despedir, Cuenca aproveita para citar outro mineiro que, junto a Sabino, o levou rumo à escrita: Silviano Santiago. “Estou muito honrado por ele ter aceito estar na abertura da Bienal. Lendo seus livros, sua produção ensaística, consigo entender o que faço”, conclui.
 

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por