Babu Santana recebe homenagem hoje na abertura da Mostra de Tiradentes

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
18/01/2018 às 15:41.
Atualizado em 03/11/2021 às 00:50
 (LEO LARA/DIVULGAÇÃO)

(LEO LARA/DIVULGAÇÃO)

“Quero outros médicos, outros gays, outros cantores... Quero continuar crescendo e abrindo o leque de personagens”, analisa o ator Babu Santana, poucas horas antes de ser homenageado na 21ª edição da Mostra de Cinema de Tiradentes, com início hoje na cidade histórica mineira.

Desde o dia em que se transformou no cantor Tim Maia, em cinebiografia lançada em 2014, a carreira desse ex-camelô de praia mudou radicalmente, mostrando que seu talento não se resumia a interpretar bandidos, como o Grande de “Cidade de Deus” e o Bujiú de “Estômago”.

Ele voltou a surpreender na pele de um enfermeiro gay no filme “Café com Canela”, que abrirá a programação da Mostra. Em breve, terá outro desafio ao encarnar o folclórico pugilista Maguila. “Nunca pensei que seria homenageado um dia. Meu objetivo sempre foi fazer o melhor que podia”, salienta.

Babu se sente realizado pelo o que fez na primeira “metade” de sua carreira. Aos 38 anos, diz que tem “muita água ainda para passar por baixo dessa ponte”. Ainda menino, sonhava em fazer um filme. Agora soma mais de 20 títulos, todos feitos com muito empenho, apesar da chance de ficar estereotipado.

“No começo não me preocupava muito de ficar marcado. Era um mercado muito fechado e pegava o que restava. Se era o que tinha, eu ia para dentro. Não era só comigo. Aconteceu com muitos atores negros. Eu pensava assim: se era para fazer um bandido, ele seria o melhor que a história já viu”.

Bandidos diferentes

O preconceito, diz o ator, era compensado com muita qualidade técnica. “Nunca pensei em chapar um personagem. Por mais crimes que ele poderia ter praticado, era um ser humano que estava ali. Por isso, se me dessem 50 papéis de bandidos, seriam 50 bandidos diferentes”, assinala.

Com a voz emocionada, ele registra que essa era a sua maneira de compensar uma grande injustiça do mercado. Dar vida ao cantor Tim Maia foi um presente para quem, antes de se aventurar como ator, tinha nas músicas do Síndico um “embalo para os trabalhos pesados e romances que teve”.

Além de “Café com Canela” e “Tim Maia”, a Mostra exibirá ainda o inédito “Bandeira de Retalhos”, filmado na comunidade carioca onde cresceu, o Morro do Vidigal. Também ganhará as telas da cidade o mineiro “Uma Onda no Ar”, de Helvécio Ratton, produção de 2002 em que faz um dos protagonistas. O festival seguirá até o dia 27, com a apresentação de 102 filmes – veja a programação completa em mostratiradentes.com.br

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