Balão de memórias: já 'crescidinhos', Mike, Tob e Simony desembarcam na capital para revival

Paulo Henrique
phenrique@hojeemdia.com.br
27/06/2018 às 06:00.
Atualizado em 10/11/2021 às 01:01
 (WILSON COSTA/DIVULGAÇÃO)

(WILSON COSTA/DIVULGAÇÃO)

Eles não escondem a barba grisalha, a falta de cabelos, as rugas e os quilinhos a mais. Quando sobem no palco, porém, é como se voltassem a ser criança. “Estava tudo em nossa memória: a época, a música, a alegria...”, observa Vimerson Cavanillas, que cursou radialismo e arte dramática, além de “viajar pelo mundo”, antes de voltar a ser – mais de 30 anos depois – o Tob, um dos integrantes da Turma do Balão Mágico.

Para quem cresceu diante da TV, no início dos anos 80, vê-lo junto a Simony e Mike, cantando hits como “Superfantástico!” e “Amigos do Peito”, é uma viagem no tempo. Uma época em que, como lembra Tob, “as crianças tinham mais liberdade para brincar na rua, sem estarem presas à tecnologia”. SITE BALÃO MÁGICO/DIVULGAÇÃO

O trio será a atração deste sábado do Grande Teatro do Palácio das Artes. “A gente se gosta muito e, a cada encontro nosso, é como reviver histórias. Cantar é como voltar a brincar”, registra Cavanillas, ou melhor, Tob. 

Referência

O grupo, criado em 1982, ganhou programa na Rede Globo, ao lado de Fofão e Castrinho, e vendeu muitos discos (calculam-se 10 milhões de cópias, somando os cinco álbuns), tornando-se uma das maiores referências na história da música infantil no Brasil.

O retorno vem sendo ensaiado há três anos, mas com Simony dedicada à maternidade, só agora conseguiram montar um planejamento que, além de turnê pelo Brasil, prevê outras novidades, como músicas inéditas. 

“A vontade (de voltar) sempre existiu, mas aconteceu de não ser o momento certo. Quando o ‘Vídeo Show’ (da Globo) lembrou os 35 anos do programa, sem combinar nada, manifestamos no ar este desejo”.

Para Tob, hoje com 47 anos, a volta do grupo é algo bem natural no cenário musical brasileiro. “Éramos um dos poucos grupos que não tinham voltado ainda. Há um grande revival atualmente. Mas eu e Mike dependíamos da Si, que não saiu do meio artístico, para a coisa dar certo. Ela correu atrás e tudo funcionou”, assinala.SITE BALÃO MÁGICO/DIVULGAÇÃO

Fãs relatam histórias de superação e descobertas

A infância de José Carlos Alexandre Júnior não foi fácil. Enquanto os vizinhos brincavam na rua, ele não podia sair de casa, para não se machucar e agravar ainda mais o estado de saúde. Os poucos momentos de alegria eram quando escutava os discos em vinil do Balão Mágico. 

“Nasci com deficiência, com lábio leporino e problemas nos dedos das mãos e dos pés. Lembro bem do Balão porque as canções deles me ajudaram muito na época em que passei por várias cirurgias”, recorda Alexandre Júnior, hoje com 41 anos.

“Foi a fase de me questionar o porquê de eu nascer assim, do porquê de só eu não poder brincar. As músicas do Balão foram a forma que encontrei para superar”, registra o fã, que não deixou de acompanhar os integrantes mesmo após o término do grupo. “Sempre procurava saber o que estavam fazendo”, lembra.

Com problemas financeiros, já que ainda se vê à volta com vários tratamentos (próteses e processos cirúrgicos), ainda não conseguiu adquirir os ingressos, mas ainda alimenta o sonho de tirar uma foto com o trio.Arquivo Pessoal

À esquerda: “Lembro bem do Balão porque as canções deles me ajudaram muito numa época em que passei por várias cirurgias”, José Carlos Alexandre Júnior, auxiliar-administrativo, 41 anos. À direita: “Antigamente não tinha esse problema da sexualização das músicas. Não era tão grande como hoje”, Luís Herrera, estudante, 17 anos

Quebra-cabeça

A paixão de Luís Herrera pelo Balão Mágico nada tem a ver com memória de infância. Muito pelo contrário, já que ele tem 17 anos, menos da metade do tempo da criação do grupo. “Meu caso é bizarro, pois a música que a minha geração curte passa longe disso”, admite o fã de Pará de Minas, na região Central do Estado.

Ele não sabe o momento exato que a idolatria começou, mas entende que ela veio acompanhada de outras atrações infantis dos anos 80, como Xuxa e Trem da Alegria. “As letras do Balão são bacanas e eles estavam sempre acompanhados de grandes músicos”, analisa.

Estudante do primeiro ano do ensino médio, Herrera sabe de cor e salteado várias músicas e se transformou num detetive virtual ao buscar incansavelmente notícias sobre a banda. “Precisava montar aquele quebra-cabeça e, às vezes, ficava um dia inteiro pesquisando”, conta.

Para ele, o cenário infantil dos anos 80, como produtos e programas para TV, era bem diferente do que é agora. “Antigamente não tinha essa sexualização das músicas. Não tão grande como hoje. Se tinha, era uma questão tão fechada que pouca gente percebia”, comenta.

Além Disso

Jairzinho, que substituiu Tob no grupo (“Estava na adolescência, maior que os outros”, lembra), também foi chamado para formar este Balão Mágico “quarentão”, mas o filho do sambista Jair Rodrigues está morando nos Estados Unidos. “Ele já tem um projeto em andamento lá e não poderia vir agora”, lamenta Tob.

Ele conta que o repertório do show foi baseado numa pesquisa junto aos fãs, resultando em 1h30 de músicas. “Fizemos uma mistura de tudo, principalmente em relação ao que o público iria querer ouvir. No show, apresentamos vários vídeos da época que nunca tinham sido vistos antes”, adianta.

Nos cinco álbuns lançados, o Balão Mágico teve convidados ilustres, como Djavan (“Superfantástico!”), Roberto Carlos (“É Tão Lindo!”) e Fábio Júnior (“Amigos do Peito”). Sem os “parças”, Tob e Mike se dividem na função. Canções ganharam arranjos mais atualizados, acompanhadas por uma “banda moderna”, segundo Tob.

A boa notícia para os fãs é que eles não irão parar neste revival. Agora mesmo já estão preparando novas músicas para um futuro álbum. “O Mike já compôs alguma coisa. Eu também. A ideia é dar uma sequência e que o foco não fique só no Balão, em músicas infantis”, revela.

Tob explica que a criançada hoje está mais antenada e cita os mineiros do Jota Quest com exemplo de músicas divertidas e para uma faixa maior de público.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por