Bandas de BH com gringos no cast apostam no ritmo latino bem antes de 'Despacito'

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
01/07/2017 às 10:05.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:20
 (Lucas Bois/Divulgação)

(Lucas Bois/Divulgação)

Não se canta outra coisa além de “Despacito”, música latina que se tornou um dos fenômenos de 2017, a primeira a alcançar o topo das mais assistidas no You Tube. Mas se engana quem acha que se trata de uma febre recente. Em Belo Horizonte, o cenário da música latina vem sendo construído há cerca de 20 anos.

Grupos como Unión Latina, dedicado principalmente à sonoridade cubana, já têm uma longa estrada, solidificada por estrangeiros que se tornaram embaixadores da música latina na capital mineira e pesquisadores como Rafa Leite, gestor do Necup (Núcleo de Estudos da Cultura Popular) e do Bar Latino, nova casa da “latinidad” que será aberta neste sábado. 

Localizado no Prado, o espaço anexo ao Necup tem como missão divulgar a cultura latina, com aulas de espanhol e de dança, cineclube e, claro, muita música. Na abertura, quem subirá ao palco é o filho mais novo desse estilo, a Orquestra Atípica de Lhamas, projeto surgido no Carnaval de BH, a partir do bloco Cómo te Lhama?.

Com foco na cumbia (ritmo colombiano de grande expressão na América Latina), o grupo conta com 17 integrantes, entre “gringos” e brasileiros. A percussionista Chaya Vazquez é argentina, a vocalista Claudia Manzo é chilena e o guitarrista Carlos Bolivia tem no sobrenome a sua origem. “Vivemos um momento bem interessante da música latina”, avalia Bolívia. 

E não é por causa do “Despacito”, que, apesar de ser uma música de entretenimento, acaba ajudando a divulgar a produção musical dos “hermanos”. Para Rafa Leite, é preciso separar o comercial do real. “Independentemente do modismo, há um trabalho seríssimo sendo feito em torno raiz cultural latina”.

Autoral

Javier Galindo, colombiano residente em BH e vocalista da Unión Latina, lembra que a conquista desse espaço não foi fácil. “O cenário era precário. Quando íamos tocar em algum lugar, a música mecânica antes e depois do show era sempre de forró ou samba”, relembra.

Foi assim que surgiu o DJ Valderrama, alcunha de Javier no momento em que assume a discotecagem dos shows do Unión e apresentações próprias. “O pessoal foi gostando e me chamando. Já estou há quatro trabalhando como DJ. Mas foi preciso ir batendo nessa tecla para o pessoal acordar”, explica Javier.

O Unión começou em 2005, como um quarteto, com pessoas de diferentes nacionalidades, assim como a Orquestra Atípica de Lhamas. Em 2009, agregou outros integrantes e lançou em disco um trabalho autoral, o “La Niegra Terra”. O vocalista destaca que são duas línguas diferentes (o espanhol e o português), mas que há muito em comum entre elas. “Tudo é muito semelhante, com suas problemáticas e dificuldades”, salienta. 

A Orquestra Atípica também já busca uma abordagem mais brasileira, apesar do pouco tempo de vida. Neste sábado, eles farão o seu segundo baile. "A ideia é fazer bailes bimestrais, em espaços como o do Necup”, adianta Carlos Bolívia.

Cumbia

Diferentemente das bandas que a antecederam, a Orquestra Atípica de Lhamas é focada na cumbia. “A música cubana é uma fonte imensa, mas nos interessamos pela cumbia, que surgiu na Colômbia, mas foi apropriada por todos os países da América Latina. Há desde as mais lentas e folclóricas às mais eletrônicas e psicodélicas”, destaca Carlos Bolívia.

A Orquestra se beneficiou da mescla de ritmos que se transformou o Carnaval belo-horizontino. “Nosso Carnaval está disposto a experimentar diferentes ritmos, de forró e axé a marchinhas. E a cumbia entrou nesse barco. Como todo bloco que começa, a gente queria pegar leve, mas a coisa saiu do controle”, lembra Carlos.

O vocalista conta que o número de participantes o surpreendeu. “Já na segunda música estava chorando”, lembra. Apesar de serem 17 músicos, ele costuma acrescentar três nomes à banda: o diretor cênico Rafael Protzner, a designer gráfica Nancy Castro e a produtora Renata Chamilet. “Há roteiro e figurinos. Somos atentos às cores, que precisam ser condizentes com o que a gente toca”, finaliza. 

Serviço: “El Explosivo Baile de La Orquestra Atípica de Lhamas”. Neste sábado (1º), a partir das 22h30, no Bar Latino (avenida Tereza Cristina, 537, Prado). Discotecagem com DJ Sandri. Ingressos: R$ 20 (antecipado) e R$ 25 (na portaria).

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