Beatriz França presta homenagem a Cecília Bizzotto na montagem “Talvez Eu Me Despeça”

Patrícia Cassese - Hoje em Dia
22/08/2014 às 07:56.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:53
 (Guto Muniz)

(Guto Muniz)

Nos últimos dias, a atriz Beatriz França se acostumou a ouvir de amigos: “Estarei lá, mas sei que vou ‘choooorar’ até”. Referem-se à estreia, nesta sexta-feira (22), na Funarte MG, da montagem “Talvez Eu Me Despeça”, que tem como fio condutor a ausência da atriz Cecília Bizzotto, assassinada em 2012, em sua casa, no bairro Santa Lúcia, invadida durante um assalto. Beatriz, cumpre dizer, integrava o círculo de amigos íntimos da atriz, assim como Ludmilla Ramalho, que assina a direção da empreitada que fica em cartaz até dia 31. Nos créditos da trilha sonora, por seu turno, consta o nome de Patrícia Bizzotto, irmã de Cecília.

Sim, a perda precoce da atriz é o mote, mas a dramaturgia (de Daniel Toledo) aborda também a lida com a morte de um modo geral, presente na vida o tempo todo. “A gente nasce e morre a cada instante, há mortes que são simbólicas em nossas vidas, como o deixar de frequentar alguns lugares, por exemplo”, diz “Bião”, como Beatriz era chamada por Ciça/Cecília.

Ao se ver privada da companhia da amiga, cuja vida foi limada tão precocemente, Beatriz se flagrou perplexa ao constatar que, alheia à sua dor, a vida seguia – as contas a pagar, por exemplo, continuavam a chegar. Logo na sequência dos fatos que chocaram não só aos mais próximos, mas a toda cidade, Bia foi instada a fazer algo em homenagem à parceira – desde que Cecília havia voltado da Inglaterra, as duas tinham estreitado a relação de amizade.
“Nós duas estávamos vivendo um momento parecido, em que questionávamos muitas coisas, inclusive a arte, o porquê, o sentido da arte. A Ciça chegou a fazer uma performance na Casa Una, a partir de um texto que fizemos, ‘Arte Pra Quê’. Mas não chegamos a concluir tudo o que queríamos fazer”.

No primeiro momento, Beatriz optou por se recolher – a tal ponto que evitou ir ao “bazar”, realizado pela mãe da atriz, Claudia, e pela irmã, Patrícia, para presentear as amigas com os pertences da filha (irmã). Não, a ferida não cicatrizou. “Ela sempre vai fazer falta, é uma lacuna”. Mas, passados quase dois anos, Beatriz se sentiu apta a encarar o desafio que, vale dizer, mobilizou várias pessoas. “Em cena, a gente pretende firmar um pacto com o público, já que não se sabe se vamos nos encontrar outra vez”.
 

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por