BH recebe itinerância da Bienal de São Paulo com obras de 19 artistas de 11 países

Thais Oliveira
taoliveira@hojeemdia.com.br
24/02/2017 às 16:56.
Atualizado em 16/11/2021 às 00:42

Crise política, econômica, identitária. “Incerteza Viva”, resume o tema da Bienal de São Paulo. Em tempos de poucas respostas, a exposição apresenta estratégias oferecidas pela arte contemporânea para acolher ou habitar incertezas deste século. A partir desta sexta-feira, Belo Horizonte recebe um recorte da mostra com a itinerância, considerada a maior da Bienal. A entrada é gratuita e as visitas podem ser feitas até 23 de abril, nas galerias do Palácio das Artes.

900 mil pessoas que visitaram a 32ª Bienal de São Paulo, em 2016. Foi a maior visitação desde 2004

Com curadoria assinada por Jochen Volz (Alemanha) e cocuradoria de Gabi Ngcobo (África do Sul), Júlia Rebouças (Brasil), Lars Bang Larsen (Dinamarca) e Sofía Olascoaga (México), a itinerância da capital mineira contará com trabalhos de 19 artistas de 11 países. Em São Paulo, a 32ª edição ocorrida até o fim do ano passado, teve 81 artistas selecionados. Leo Eloy/Divulgação / N/ACAROLINA CAYCEDO –  “A Gente Rio”, a artista analisou, entre outras coisas, os danos ambientais e sociais da construção de barragens. A obra  é composta por elementos como montagens de fotos de satélite das usinas hidrelétricas de Itaipu e de Belo Monte e do antes e depois do rompimento da represa de Bento Rodrigues (MG)

 Apesar de a Bienal vir mais condensada para BH, a gerente de Artes Visuais da Fundação Clóvis Salgado, Uiara Azevedo, afirma que foi mantido o cuidado de manter a linha do percurso da exposição feita na capital paulista. “Embora o espaço arquitetônico seja diferente, o conjunto ficou amarradinho, as obras parecem se juntar uma com as outras”, frisa. 

Sem medo

De acordo com Volz, a mostra tem como uma das propostas instigar reflexões acerca da atualidade e falar mais sobre algo que todos vivem, mas pouco é falado, que é a incerteza. “A arte é uma disciplina que sempre trabalhou a partir da incerteza, do novo, aquele lugar que a gente ainda não enxerga. A incerteza viva vem nesse sentido, no de celebrá-la, abraçá-la e não ficar com medo, mas superar o medo e imaginar um outro futuro, como as artes fazem”, afirma.

 Leo Eloy/Divulgação / N/AANA MAZZEI – A artista paulista traz a BH uma nova montagem da série de esculturas “Espetáculo”

 Conforme Volz, a incerteza está presente na Bienal desde antes da realização, já que cerca de 75% das obras foram comissionadas, isto é, não foram feitas sob encomenda para a exposição. “Não sabíamos direito o que iria acontecer, fizemos tudo confiando no artista e ele em nós. O que fizemos foi criar perguntas sobre ecologia; ideias para a educação, isto é, outras formas do saber; cosmovi-são; e propor ideias de narrativas”, esclarece.

Desde 2011, 154 mil pessoas visitaram a itinerância da Bienal de São Paulo em Belo Horizonte

Destaques

Dentre as trabalhos que estarão na itinerância, o curador Jochen Volz destaca o projeto “Vídeo nas Aldeias”, criado 1986 e baseado em Olinda (PE). Para a Bienal, Ana Carvalho, Tita e Vincent Carelli criaram a instalação “O Brasil dos Índios: Um Arquivo Aberto” (2016), que faz uma imersão em imagens, gestos, cantos e línguas de 20 povos indígenas distintos.

O filme “O Peixe”, do alagoano Jonathas de Andrade, também poderá ser visto na mostra. A obra acompanhou pescadores pelas marés e pelos manguezais de Alagoas, que usam técnicas tradicionais de pesca, como rede e arpão. Pedro Ivo/Divulgação / N/AO conjunto de painéis da jamaicana Ebony Patterson é uma tentativa de traçar paralelos entre os contextos socioculturais do Brasil e da Jamaica

 A única mineira no time é Wilma Martins, selecionada com a série de pinturas “Cotidiano”. “Tivemos muitos mineiros na Bienal (em São Paulo), mas pensamos que seria mais importante trazer a Wilma porque ela não é tão conhecida em BH. Wilma é de outra geração, iniciou a carreira em BH, mas se mudou nos anos 60 para o Rio. Apenas recentemente teve a primeira retrospectiva em BH”, diz Volz, ao se referir à exposição “Wilma Martins: Retrospectiva. Cotidiano e Sonho”, que ficou em cartaz na capital mineira em 2014.

Já entre os artistas internacionais, destaque para Francis Alÿs (Bélgica), cujos trabalhos pesquisam criticamente situações políticas, sociais e econômicas na vida contemporânea. Para tanto, desta vez, Alÿs trouxe pinturas de paisagem e um filme de desenhos animados. Pedro Ivo/Divulgação / N/APINTURA - Wilma Martins é a única mineira presente na itinerância de BH da Bienal de São Paulo

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