Biógrafo do "Poetinha", agora José Castello escreve sobre Clarice Lispector

Elemara Duarte - Hoje em Dia
22/03/2015 às 12:46.
Atualizado em 18/11/2021 às 06:26
 (Divulgação)

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Clarice Lispector poderá ganhar mais uma biografia, desta vez, pelas mãos do jornalista, crítico literário e biógrafo José Castello. E é sobre duas facetas desta cultuada escritora que o autor vai falar em BH, nesta segunda (23) e terça-feira, em duas oficinas, no projeto “Letra em Cena”. Além das oficinas, Castello volta a se encontrar com o público na noite de terça-feira, no Ofício da Palavra.

Aí, o tema é a obra de Castello, que reúne 11 livros, entre eles, “Vinicius: O Poeta da Paixão” (1993), uma das mais completas biografias sobre o “Poetinha”, e “Ribamar”, romance que levou o Jabuti em 2011. Neste, Castello alterna trechos da vida do pai dele – José Ribamar (1906-1982) – com histórias inventadas.

Bruxa e filósofa

Mas o assunto da vez é Clarice, seus mistérios e reflexões. Na oficina, o autor vai debater sobre dois lances da personalidade literária da escritora ucraniana que radicou-se no Brasil e que morreu em 1977, em decorrência de um câncer.

Os dois aspectos vêm dessa mania quase universal de querer enquadrar tudo em estilos, padrões, correntes, movimentos. “Há pessoas que leem Clarice e dizem que é filosofia, pois há mais pensamento do que trama na obra”.

O autor diz que a outra vertente de opinadores claricianos é influenciada pelo mineiro Otto Lara Resende (1922-1967), que dizia sobre a obra da ucraniana alguma coisa como: “Isso não é literatura, isso é bruxaria”.

Por outro lado, há fãs de Clarice Lispector que querem entendê-la de um jeito “exotérico”. “Dizem que a literatura dela está entre a auto-ajuda e a transfiguração”. A coisa chegou em um ponto, que a própria Clarice foi convidada para o Congresso Mundial de Bruxaria, na Colômbia, nos anos 1970. E ela foi.

Chegando lá, leu um conto – ou melhor, tentou ler. “Como era muito tímida, ela pediu a alguém que lesse ‘O Ovo e a Galinha’”, lembra, José Castello, que a entrevistou duas vezes na carreira. “Perguntei para ela sobre isso (o lado bruxa) e ela riu”.

Devido à esta intimidade com a trajetória de Clarice, é que Castello vai tirar o projeto da biografia da gaveta. “Tenho uma visão particular sobre a qual vou escrever”, diz, sem entregar o jogo sobre a “carta na manga” que, garante ele, vai trazer um aspecto inédito sobre a escritora.
 

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