Bom momento da fotografia feita em Minas é comemorado, mas ainda carece de incentivos

Clarissa Carvalhaes - Hoje em Dia
19/08/2013 às 11:45.
Atualizado em 20/11/2021 às 21:06
 (Pedro David)

(Pedro David)

O espaço de uma página como esta não seria suficiente para listar todos os prêmios e exposições que fotógrafos mineiros contemporâneos vêm arrebanhando. André Hauck, João Castilho, Miguel Aun, Pedro David e Pedro Motta estão entre os vários destaques que se revezam no pódio de editais e premiações, e que integram importantes coleções mundo afora.

Somado a isso, Belo Horizonte e Tiradentes, por articulação e iniciativa dos próprios profissionais, transformaram-se em palco de dois eventos de respeito – o "Festival Internacional de Fotografia" ("FIF") e o "Festival de Fotografia de Tiradentes".

Mas, no Dia Mundial da Fotografia, comemorado nesta segunda-feira (19), nota-se que os santos de casa não têm feito muito milagre com o poder público. Inaugurado em janeiro de 2010, o Centro de Arte Contemporânea e Fotografia (avenida Afonso Pena, 737) abrigou, desde então, 16 exposições (nove de fotografia e sete de artes plásticas) – mas até hoje não realizou mostra individual ou coletiva dedicada a imagens produzidas somente por fotógrafos mineiros.

A iniciativa mais próxima foi a mostra "Segue-se Ver o que Quisesse" (2012). Mas, nesse caso, dos 39 fotógrafos participantes, apenas oito mineiros tiveram trabalhos expostos no Centro.

Dívida social

Solanda Steckelberg, presidente da Fundação Clóvis Salgado (FCS), que é gestora do espaço, concorda que há uma "dívida social" com esses profissionais, mas pontua que não há "negligência" por parte da Fundação. "Estou empenhada em fazer a difusão da fotografia. As portas estão abertas para diálogo e sugestões", convida.

O fotógrafo André Hauck destaca, entretanto, que, mais que abrir portas, é preciso que o Estado, e também as empresas privadas, estejam dispostos a investir na produção de conteúdo.

"Para que essa mudança aconteça basta articulação, basta boa vontade. Isso seria uma realidade se Minas investisse um terço do que São Paulo investe em seus artistas". Duas ações sugeridas por João Castilho são a criação de prêmios e bolsas artísticas. "Não precisamos de medidas paliativas, e sim de políticas públicas de incentivo efetivas", ressalva.

Projetos

Leo Bahia, o superintendente de Museus e Artes Visuais do Estado, afirma que, como gestor, precisa dar espaço a todos os segmentos artísticos, e, pensando nessa demanda, criará, em 2014, uma residência artística – na qual a fotografia será contemplada. O projeto ocuparia o Museu Mineiro.

Em coro com os colegas, Pedro Motta, lamenta que o reconhecimento seja mais evidente "fora de casa", mas, assim como Miguel Aun, acredita que dias melhores estão por vir. E como não falta qualidade, material e gente boa de serviço (que o diga Sebastião Salgado, mineiro de Aimorés) esperamos que esses dias cheguem logo. Minas agradece.

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