Boris Fausto diz, na Flip, que PT tem "sistema mafioso"

Leida Reis - Hoje em Dia
03/07/2015 às 16:20.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:45
 (Flickr/Fli)

(Flickr/Fli)

PARATY - As questões políticas deram a tônica da primeira mesa desta sexta-feira (3) da 13ª Festa Literária de Paraty (Flip). No dia em que a programação incluiu um forte candidato ao Prêmio Nobel de Literatura, o queniano Ngugi wa Thiong’o, engajado na defesa da sociedade africana, o historiador brasileiro Boris Fausto, de 84 anos, criticou o governo do PT e não poupou a oposição.   Para Fausto, que abriu a programação do dia, a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva em 1989 trouxe esperança ao país, mas a situação se inverteu no segundo governo do presidente. “O PT tem gente corrupta que, eu tenho certeza, trabalha num sistema mafioso”, afirmou, sendo aplaudido pela plateia que lotou a Tenda dos Autores.  Depois do otimismo das manifestações de 2013, atestou, surgiu um período de desânimo no país.   Quanto à oposição, ela “vai mal, obrigado”, respondeu ao mediador da mesa, Paulo Roberto Pires. Boris Fausto vê incoerência no PSDB e outros partidos opositores ao governo de Dilma Rousseff, citando como exemplo  o fator previdenciário, que foi criado pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso e deveria ter sido defendido pela oposição, no Congresso Nacional, da mesma forma que foi pelos parlamentares governistas. “A oposição perdeu a chance de construir um projeto para o Brasil”, afirmou.   O historiador falou também do seu livro “O Brilho do Bronze”, dedicado à sua mulher, Cinyra Fausto, e da forma como conseguiu lidar com a morte dela, de câncer, em 2010. Depois de um casamento de 49 anos, ele usou o luto para sua criação literária.    À tarde, a programação oficial da Flip reuniu as historiadoras Heloísa Starling (UFMG)  e Lilia Moritz Schwarez (USP), autoras de “Brasil, uma biografia”. A festa literária que presta homenagem a Mário de Andrade, um artista genuinamente brasileiro, enveredou-se, na discussão, para as dualidades sociais e políticas do país, passando pela ditadura militar e as pressões econômicas sofridas pelas cidades.   O tom político esteve em outros eventos que se espelham por Paraty. O Itaú Cultural promoveu, na Casa da Cultura, o encontro do Movimento por Um Brasil Literário, reunindo cinco escritores e especialistas em políticas de leitura. Luiz Ruffato, autor de livros premiados como “Eles Eram Muitos Cavalos”, disse que quando era militante estudantil levantava muitas bandeiras e, hoje, defende uma só: a educação. Ele ressaltou que a sua crítica de que o país não constrói um legado de educação de qualidade não recai somente sobre o Estado. “Todos nós temos que trabalhar e brigar pela educação”, afirmou.  

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