Bourne está de volta, com novos e velhos ingredientes

Filme traz personagem mais conectado à realidade

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
27/07/2016 às 19:55.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:02
 (Universal/Divulgação)

(Universal/Divulgação)

“Jason Bourne” só se justifica por uma razão: a ideia de que existem novos modelos de espionagem internacional, mais sofisticados, e que nos transformam em vítimas de um quase imperceptível Grande Irmão, presente em nossas atividades cotidianas.

A nova integrante da franquia, uma mulher charmosa (Alicia Vikander, ganhadora do Oscar de melhor atriz coadjuvante por “A Garota Dinamarquesa”) que é defensora de métodos mais suaves de cooptação, resume essa nova feição apontada no quinto filme da série.

Sai o estilo mais truculento e, digamos, masculino – embora a ação não cesse em nenhum minuto e a câmera tremida e a edição “suja” tenham se mantido –, para dar lugar a uma tentativa de abordagem mais complexa.

Essa opção se torna mais conectada com o real. Apesar de exibir algumas cenas mirabolantes, “Jason Bourne” linka sua história a vários episódios recentes, como o caso Snowden (citado na trama), as manifestações populares na Grécia e a dúvida sobre a privacidade nas redes sociais.

O francês Vincent Cassel e o americano Tommy Lee Jones são algumas das novidades no elenco

Mas essa mudança não surte o efeito desejado no filme, que traz de volta o ator Matt Damon, protagonista dos três primeiros filmes. A espinha dorsal repete exatamente os elementos distribuídos nos antecessores: a busca da origem de Bourne, a vingança e a sensação de vigilância.

Bourne se aproxima de um John Rambo (um ícone dos anos 80), que se decepciona com as autoridades americanas ao ser tratado como um objeto e se esconde no submundo. Nas cenas iniciais, Bourne está participando de lutas clandestinas, assim como o ex-militar em “Rambo 2”.

Receia se envolver com mulheres para não prejudicá-las, mas a guerra sempre o procura, além de exibir claros questionamentos sobre patriotismo e ser uma máquina programada para matar. A embalagem, portanto, pode ser nova, mas o ranço de coisa velha contamina tudo.

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