Bregapunks revisitam clássicos do brega no estilo rock'n'roll

Estadão Conteúdo
15/12/2016 às 09:54.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:05

A linha entre o punk e o brega romântico é mais tênue do que você imagina. Isso, pelo menos, é o que garante a banda Bregapunks, formada pelos músicos Miro de Melo e Josi Campos. Casados há mais de 2 anos, os dois fazem juntos versões de clássicos da música popular brasileira em ritmo de rock 'n'roll. De botinas, jaquetas de couro e correntes amarradas nas calças, os cinquentões cantam de Reginaldo Rossi a Odair José. "Essas canções mexem com a memória afetiva de muita gente. São músicas que meus pais costumavam ouvir em casa, quando era criança. Acredito que isso não aconteça só comigo", afirma Miro de Melo, vocalista e idealizador do projeto. Boa parte desse repertório inusitado poderá ser vista nesta sexta-feira, 16, no Sesc Belenzinho, em apresentação única.

Baterista do 365, lendário grupo de punk-rock paulistano, Miro pensou na proposta há alguns anos. O objetivo do artista era gravar canções que escutava na adolescência. Depois de muito batalhar para encontrar músicos que topassem participar do projeto, Miro gravou o disco Miro de Melo & Os Bregapunks (Radar Records). Lançado em 2015, o trabalho inclui hits como Bom Rapaz, de Wanderley Cardoso; Cadê Você, de Odair José; Garçom, de Reginaldo Rossi, e Fuscão Preto, de Almir Rogério. "Muitos punks me olhavam de maneira estranha, sabe? Eles achavam inacreditável que eu cantasse música brega. Houve uma certa resistência. Alguns diziam que eu estava louco, fora de mim. Depois de um tempo, entretanto, você adquire maturidade. Aprende que música é música, independentemente de qualquer gênero. Tenho um orgulho gigantesco disso tudo", afirma.

Miro começou a carreira na década de 1980 com a banda Lixomania. Pouco tempo depois, em 1983, "assumiu as baquetas" e ajudou a formar o 365. Ao lado de Finho (vocal), Ari Baltazar (guitarra) e Mingau (baixo), a banda se tornou uma das mais importantes da história do punk-rock paulistano. São Paulo, considerada por muitos o verdadeiro hino da selva de pedras, virou hit e deu visibilidade à banda. "Eu amo escutar e fazer punk-rock. Tenho ciência de que meu passado e presente estão atrelados ao punk. Entendo as restrições e os olhares tortos, mas acho que não dá para ficar só preso a isso. A música oferece tantas oportunidades", diz Miro.

A apresentação de Miro de Melo & Os Bregapunks terá ao todo 14 composições bregas, além das presenças de Kid Vinil e Ângelo Máximo. Kid, o eterno vocalista da banda Magazine, participou da gravação de Noite de Terror, de Roberto Carlos, no disco Miro de Melo & Os Bregapunks. Já Ângelo subirá ao palco pela primeira vez com Miro para cantar o sucesso Domingo Feliz. "Tocar com o Ângelo vai ser emblemático. Ele é o símbolo daquilo que queremos transmitir. Cantar brega romântico é ser meio canastrão e romântico ao mesmo tempo, sem discernir uma coisa da outra", conta Josi Campos, que fará uma versão especial de Nasci para Chorar, de Roberto Carlos. A canção foi brilhantemente regravada por Cássia Eller. "Será uma homenagem a ela", conclui Josi.

Miro também teve sua história retratada na biografia Miro de Melo - 30 Anos de Rock. Lançado em 2012, o livro escrito por Edson Luís Rosa narra a trajetória do baterista punk e ressalta a importância do Lixomania e do 365 para o punk. "Não dá para dizer que o 365 acabou. Tivemos alguns problemas de relacionamento, mas não tem nada finalizado ou com um ponto final", afirma Miro.

Punk-brega? Um dos percussores do chamado "punk-brega" é o gaúcho Wander Wildner. Ex-vocalista dos Replicantes, Wander inaugurou o "estilo" no País em meados da década de 1990, quando saiu em carreira solo e lançou o disco Baladas Sangrentas, em 1996. O disco inclui músicas como Bebendo Vinho, Lonely Boy, Eu Tenho Uma Camiseta Escrita Eu Te Amo e Um Lugar do C...

O gênero mescla riffs pesados com letras mais românticas. "Tem muita gente fazendo isso há tempos. O Wander Wildner é um bom exemplo. Ele abriu as porteiras, digamos, para mostrar que o punk e o brega podem dialogar e andar lado a lado", diz Josi. "Como disse anteriormente, o brega mexe com a memória afetiva das pessoas. É preciso abrir os ouvidos e observar o que esses caras do brega romântico têm a dizer", acrescenta Miro de Melo.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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