Candonguêro lança disco de canções carnavalescas

Lucas Buzatti
lbuzatti@hojeemdia.com.br
14/02/2018 às 14:27.
Atualizado em 03/11/2021 às 01:21

O carnaval acabou, mas o repertório musical da festa segue reverberando em Minas Gerais. Prova disso é o trabalho do Candonguêro, formado por artistas de Ouro Preto, que lança amanhã, n’A Autêntica, seu primeiro disco.

Intitulado “Era Uma Vez um Carnaval”, o álbum reúne 16 canções que embalam a folia momesca na cidade histórica – dos anos 60 até os dias de hoje. Idealizado pelo músico e compositor Chiquinho de Assis, o projeto vem sendo realizado ao longo da última década, período de intensa pesquisa histórica para compreender a poética musical do carnaval ouro-pretano.

Chiquinho de Assis conta que a pesquisa surgiu da insatisfação com a “quase ditadura musical do axé music”, no entremeio dos anos 90 e 2000. “Na época, eu estava concluindo o curso superior de música e me perguntava, junto a alguns colegas, o que podíamos fazer para ter um carnaval onde, além do axé, possam existir o samba, o frevo, a marchinha, a ciranda. Daí veio a ideia de fazer um projeto que contemplasse essa diversidade de gêneros e fizesse um resgate histórico do carnaval de Ouro Preto”, reflete o músico, que assina os arranjos e gravou vozes e violão no disco.

O ponto de partida foi, então, o samba “Terno Branco”, composto em 1969, pelo Mestre Edmundo Guedes. “É um samba cantado em toda a cidade e que nunca foi gravado. Sobreviveu esses 50 anos somente pela tradição oral. Pensamos, então: se existe esse samba e os movimentos culturais são comportamentais, reflexos de um determinado momento, onde estarão as outras canções dessa época?”, indaga Assis. “Assim, começamos um processo de pesquisa e encontramos músicas de outro compositor ouro-pretano, chamado Vandico, que hoje está com 81 anos e tem uma produção de mais de 100 canções carnavalescas”, completa.

O artista conta que foi tarefa árdua selecionar apenas 16 canções – entre elas uma composta por uma mulher, “Sambei”, da já falecida Dona Maria.
“O mais importante do projeto é mostrar aos músicos da cidade que há muito a ser pesquisado sobre esses compositores. Essa é apenas a primeira picada do garimpo, tem muito ouro para ser descoberto”, instiga Assis, ressaltando a pluralidade estilística do álbum.

“É um disco cuja diversidade de gêneros retrata um pouco do que Ouro Preto significa. Uma cidade do interior de Minas, mas de charme cosmopolita, que sempre recebeu músicos e compositores do Brasil todo. São canções de Ouro Preto, mas que dialogam com o mundo. Com muita força, com muita mensagem”, finaliza.

Serviço: Grupo Candonguêro apresenta “Era Uma Vez um Carnaval”. Amanhã, às 22h, n’A Autêntica (rua Alagoas, 1.172, Funcionários). Entrada franca.

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