Cantigas e batuques que se ligam a modos de fazer grupo ilumiara lança, neste sábado (12), CD “canto

Patrícia Cassese - Hoje em Dia
12/12/2015 às 07:55.
Atualizado em 17/11/2021 às 03:18
 (Patrik Azevedo/Divulgação)

(Patrik Azevedo/Divulgação)

O olhar para os cantos de trabalho teve inicio com Letícia Bertelli, uma das integrantes do grupo Ilumiara. “Ela vinha reunindo um repertório com cantigas para um trabalho, mas no meio do processo veio um convite (do SESC Nacional) para participar do Circuito Sonora Brasil, maior circulação de música dentro do Brasil. Então, nos juntamos a ela e aprofundamos a pesquisa”, conta Leandro César, que, junto a Bertelli e demais integrantes, lança neste sábado (12) à noite, no Cine Theatro Brasil Vallourec, o CD resultante de todo esse processo: “Ilumiara e os Cantos de Trabalho”.
 
O foco, acrescenta Leandro, foi Minas Gerais. “Muita coisa veio do acervo pessoal do nosso percussionista, o Carlinhos Ferreira, como, por exemplo, o ‘Fim de Capina’ de Jequitibá e ‘Fiandeiras’ de Berilo. Mas outras fontes foram fundamentais: Mário de Andrade, Ayres da Mata Machado Filho, Oswaldo de Souza”, acrescenta Leandro, lembrando o prazer de lidar com essas músicas e com essa musicalidade. “E, ao mesmo tempo, uma grande responsabilidade”.
 
Desafio

“Talvez o mais desafiador (não necessariamente o mais difícil)”, acrescenta Marcela Bertelli, “tenha sido a construção de um repertório que possibilitasse ao ouvinte perceber a diversidade, a riqueza de elementos sonoros trazidos das paisagens dos ofícios, a funcionalidade e as diferenças, buscando preservar as expressões originais de forma a não descaracterizar os elementos essenciais do canto tradicional”.
 
Ao mesmo tempo, prossegue ela, houve o desafio de construir e levar tudo isso ao palco com a linguagem do grupo. “Com nossos instrumentos, nossa visão de música”.
 
Desafios que, lembra ela, proporcionaram aos integrantes belezas como o encontro com arranjadores que conseguiram fazer a transição do espaço das beiras de rio, das casas de farinha ou das salas de fiar para o espaço artístico do teatro e do disco, bem como da relação com o público. “Muitas perguntas nasceram desse percurso.
 
Questões estéticas, mas também éticas, políticas, afetivas, que mudaram nossa maneira de fazer música e estar no mundo. Estamos colhendo os frutos dessas perguntas, percebendo que, na verdade, permanecem vivas em nós, no encontro com as pessoas, em cada lugar que vamos, cada vez que tocamos”.
 
Pelo Sonora Brasil, o Ilumiara fez, este ano, apresentações em 65 lugares diferentes, em todos os estados do nordeste, norte e centro-oeste. “Tocamos nas capitais, nos teatros de grandes e médias cidades, mas também em comunidades quilombolas, escolas, pontos de cultura, igrejas, museus... até numa ilha do rio São Francisco”.
 
O resultado? “É encantador conhecer o país pela linguagem musical”, atesta Marcela. Para ela, essa linguagem abre portas inimagináveis. “Pela música, entramos no Pantanal pelos olhos dos mestres cururuzeiros de lá, em uma Kombi do grupo de cururu e siriri de Poconé, Mato Grosso. Imagine, não temos guias turísticos! Os lugares nos são apresentados pelas vozes de seus mais profundos conhecedores. Depois, cantamos pra eles, que dançam para nós. É um encontro que nos ajuda a seguir adiante”, brinda.
 
Ilumiara – O lançamento do disco acontece neste sábado (12), em show, a partir das 19h30, no Teatro de Câmara do Cine Theatro Brasil Vallourec (Praça 7). Os ingressos estão sendo vendidos a R$ 20, na bilheteria.

O Ilumiara (mescla das palavras iluminar com iara, entidade sagrada nas culturas tupi-guarani) reúne Alexandre Gloor (rabeca), Leandro César (violão e marimba), Carlinhos Ferreira (percussão) e Letícia e Marcella Bertelli (voz)
 

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