Catálogo conta com mais de 10 mil referências bibliográficas sobre Minas Gerais

José Antônio Bicalho - Hoje em Dia
13/09/2015 às 10:11.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:44
 (Flávio Tavares)

(Flávio Tavares)

Será nesta segunda-feira (14) o merecido lançamento oficial do catálogo da biblioteca mineiriana do Instituto Cultural Amilcar Martins (Icam), que já vinha sendo elogiado por bibliófilos e historiadores que receberam antecipadamente o volume. O lançamento acontece na Academia Mineira de Letras (rua da Bahia, 1466, Lourdes), a partir das 19h.   O livro de quase 500 páginas vale pelos textos introdutórios do organizador, o professor Amilcar Martins, da UFMG, que explica como a biblioteca se formou e a importância de um catálogo de referência; pelo caderno de fotos com reproduções das folhas de rosto das obras raras; pelas ilustrações tiradas dos livros dos viajantes do século 19; e pelo catálogo das obras propriamente dito, dividido em obras raras e obras correntes, com mais de dez mil títulos, todos sobre Minas Gerais.   O catálogo interessará principalmente aos pesquisadores e bibliófilos, mas vale para todos que tenham interesse na história e na cultura de Minas. A biblioteca do Icam é a mais importante e, talvez, a maior mineiriana que exista (para quem não está familiarizado com o termo, mineiriana designa uma coleção de livros sobre Minas Gerais, assim como brasiliana diz respeito às bibliotecas sobre temas brasileiros). Em tamanho, concorre apenas com a coleção da Biblioteca Estadual Luis de Bessa.   O catálogo foi produzido com o esmero que o conjunto da biblioteca merece. Capa dura, papel couché de boa gramatura, design e diagramação elegantes. A capa é inspirada nas folhas de rosto dos livros portugueses dos 1700.   ‘Agradabilíssimo’   O Icam e sua biblioteca estão instalados numa grande casa no primeiro quarteirão da rua Ceará, 2037, quase esquina com a avenida do Contorno, no pé do “tobogã”.   É aberto ao público, mas passa quase despercebido, não fosse uma pequena placa na entrada. A biblioteca pode ser consultada, inclusive as obras raras, por qualquer interessado, mas não há empréstimo de livros.   No segundo andar, onde fica a biblioteca, há espaço confortável para leitura e pesquisa. Amilcar Martins é excelente anfitrião e os bibliotecários são interessados e gentis. Passar uma tarde ali é um programa agradabilíssimo para quem gosta de livros.   Homenagem   O nome do Icam não é uma homenagem ao próprio fundador do instituto, mas ao seu pai, o médico sanitarista Amilcar Vianna Martins, importante pesquisador de esquistossomose, leishmaniose e doença de chagas, morto em 1990.   Criado em 2001 a partir da biblioteca do próprio Amilcar Martins (filho), o acervo cresceu consideravelmente ao longo dos últimos anos, sustentado basicamente pelas leis de renúncia fiscal para a cultura que permitiram recursos para a compra de livros raros, inclusive em leilões internacionais.   Em torno da biblioteca foram surgindo outros projetos, todos ligados ao acervo, como a oficina de restauro e encadernação de livros, as bolsas de estudo para pós-graduação, a editora, os seminários de historiografia e a digitalização de obras raras.   Hoje, os projetos estão desacelerados e ameaçados de descontinuidade por conta das dificuldades de captação de recursos.   Entre as obras raras, divididas em vários temas, encontram-se verdadeiras joias   Voltando ao catálogo, nos textos introdutórios Amilcar Martins explica a organização do acervo: obras raras e obras correntes divididas em temas como política; economia; sociedade, arte e cultura; geografia e meio ambiente; obras de referência; periódicos; mapas e dissertações e teses. Para cada tema, uma explicação sobre o conjunto do acervo e apontamento das obras mais relevantes.   Entre as obras raras, encontram-se joias como o Triunfo Eucarístico (relato da grande festa de inauguração da Igreja Matriz do Pilar, em Ouro Preto, de 1734) e o Áureo Trono Episcopal (descrição de outra festa, em comemoração à chegada a Mariana do primeiro bispo em Minas Gerais, D. Frei Manoel da Cruz, de 1749), dois textos fundamentais para o estudo da sociedade barroca mineira dos setecentos. Ou edições originais de Marília de Dirceu (de 1799), do poeta inconfidente Thomaz Antônio Gonzaga, ou as Orbas (assim mesmo, com erro na ordem dos tipos) do também poeta e inconfidente Cláudio Manoel da Costa.   Aos interessados, o catálogo pode ser encontrado nas boas livrarias de Belo Horizonte. Mas o ideal é adquiri-lo no próprio Icam, aproveitando para uma visita à biblioteca.   Outras informações: 3274-6666

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