Chico César lança CD e DVD ‘Estado de Poesia - Ao Vivo’, belo registro de show

Thiago Pereira
talberto@hojeemdia.com.br
28/07/2017 às 17:59.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:48
 (Divulgação)

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Há muito Chico César tem feito de sua trajetória fonográfica um equilíbrio bem apurado de seu lado cancioneiro– aquele que surgiu para o país na voz de Daniela Mercury com sua “À Primeira Vista”, em 1996– com sua faceta mais roots e world music (seja lá que diabos isso significar) que é facilmente audível na outra canção com a qual se notabilizou a marcante “Mama África”, do mesmo ano.

As referências surradas à estas músicas em um texto sobre Chico César servem apenas para fazer jus ao caráter antológico que ele propõe em “Estado de Poesia- Ao Vivo”, seu novo álbum e DVD. Afinal, a carreira dele já se provou múltipla e a prova dos clichês chatos (e por vezes preconceituosos) que, volta e meia, insistem em etiquetar sua figura.

Mas o autor de “Respeitem Meus Cabelos, Brancos”, que passeou pelo gabinete oficial como secretário de cultura da Paraíba, e recém concorreu a um Prêmio Jabuti por seu abusado (no melhor dos sentidos) livro “Versos Pornográficos”, mostra, ao vivo, que está bem ciente de seu lugar: um dos bons compositores da chamada música popular brasileira (seja lá que diabos isso significar, de novo) e, mais que isso, tem o palco como seu o habitat–a bem da verdade, estreou neste formato com “Aos Vivos”, de 1995.

O disco é prova da sábia decisão de Chico em transformar “Estado de poesia” (2015), um de seus grandes álbuns, e fonte maior do repertório do novo trabalho, em um novo registro, reunindo, pela primeira vez desde as gravações em estúdio, os músicos que participaram do último disco, como Luizinho Calixto, Michael Ruzitschka, Oleg Fateev, Seu Pereira, Simone Sou e Xisto Medeiros.

O resultado final é signo potente de Chico, e destaca a força que sua música impõe aos quadris, seja nos suingues leves de “Palavra Mágica”, “Caninana”, e na versão de “Zazueira” do mestre Jorge Ben; quanto no groove pesado de “Autopistas”. Momentos em que a interação com a banda encantam. Já o Chico cancioneiro se apresenta pleno. Da bonita faixa título, passando por “Museu”, temos um desfile de singelezas que passa por “Da Taça”, “Miaêiro” e tantas outras. Destaque absoluto para o momento Bob Dylan de “Os Reis do Agronegócio”, prova de que Chico segue cantando aos vivos.

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